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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

'Os visitantes curiosos' versus 'os verdadeiros amantes da natureza'


Enquanto vou pesquisando sobre a história das Minas dos Carris, vou tendo a oportunidade de tomar conhecimento sobre as diferentes visões que o Parque Nacional da Peneda-Gerês foi tendo no que diz respeito à conservação de áreas importantes do «seu» território e da sua relação com as pessoas residentes e em especial com os visitantes.

Muitos sabem que a minha opinião sobre o Parque Nacional é que este não deve ser totalmente aberto a tudo e a todos, mas que, por outro lado, não deve ser fechado numa redoma como que um couto proteccionista de ecologistas radicais. O Homem conviveu com a natureza naquelas montanhas durante milhares de anos, tendo-as moldado de diversas formas. É certo que por sua acção foram feitos erros irreparáveis, mas isto não pode ser justificação para o seu total isolamento. Cabe a quem o dirige e regulamenta fazer com que o Parque Nacional seja um local de aprendizagem directa com os valores naturais.

Em 1978 haviam planos para a possível reactivação das Minas dos Carris. Tinha sido conseguido um crédito internacional e a Sociedade das Minas do Gerêz, Lda., preparava-se para retomar a laboração mineira. Nesse mesmo ano, e tendo conhecimento desta pretensão, o Parque Nacional da Peneda-Gerês elabora um texto que possivelmente terá sido dirigido aos serviços de ambiente superiores e nos quais refere os efeitos nefastos da possível reactivação das minas.

De especial interesse vem o seguinte excerto dessa comunicação: "A passagem dos camiões implica a necessidade da via aberta, possibilitando consequentemente a invasão fácil, por visitantes curiosos, de zonas a preservar e que só deveriam ser acessíveis a pé, filtrando assim os visitantes, e reduzindo-os apenas aos verdadeiros interessados na natureza. A invasão de visitantes curiosos trás consigo todos os perigos inerentes de destruição de zonas a preservar, nomeadamente a Reserva Integral da Abilheirinha, muito próxima da estrada de acesso às Minas."

Assim, na altura o PNPG contemplava dois tipos de visitantes: 'os curiosos' e 'os verdadeiros amantes da natureza'; aqueles que visitavam o parque nacional de carro e aqueles que visitavam o parque nacional a pé, considerando estes os verdadeiros amantes do parque nacional.

Hoje o PNPG contempla dois tipos de visitantes: aqueles que têm dinheiro para pagar uma taxa de €152,00 e aqueles que não têm dinheiro para pagar uma taxa que corresponde a cerca de um terço do ordenado mínimo nacional... por enquanto...

Neste texto existe ainda uma curiosa referência à constante «luta» do PNPG pelo encerramento da estrada para a fronteira da Portela do Homem, verdadeira origem de todos os males naquela zona.

Fotografias © Rui C. Barbosa

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