Hoje entramos no que poderemos chamar o Gerês profundo; aquele Gerês selvagem que está longe do rebuliço dos roteiros de veraneio e dos automobilistas de fim-de-semana. De hoje destacam-se as paisagens de grandes espaços e o silêncio solene de um «solo sagrado» por natureza.
O abeirar do abismo e o abrir os braços ao vento leva-nos por tempos idos de velhas minas, de velhas eiras e currais perdidos na imensidão do granito que compõe uma paisagem familiar, mas que esconde segredos imemoriais. Por momentos, parece que escutamos os passos calmos do pastor que calcorreia a imensidão da serra ou pelo canto do olhar vemos o passar ligeiro da rapina, do pequeno pássaro e desejamos ver ao longe o velho lobo que guarda as memórias de outros tempos.
A Serra do Gerês é montanha pequena se comparada com as grandes cordilheiras europeias, mas ganha-lhes em mistério, em presença, em altivez...
Começamos a caminhar já tarde com o carro na Chã de Suzana. Seguimos o trilho marcado pela grande mariola e fomos ganhado caminho, passando pelo Alto das Portas do Castanheiro. O cume do Castanheiro ia ganhando altura à medida que nos aproximávamos e lá do seu alto deixou-nos ver a presença da Nevosa, marcando a sua posição como senhora alta do Norte de Portugal. Baixamos em direcção ao Vale da Ribeira das Negras, mas não sem antes passarmos pelo Alto do Moreira. Depois de passar a ribeira visitamos os dois currais ali escondidos, os Currais de Matança (informação do leitor Jorge Lopes). Ladeando a Matança, que ficava à nossa esquerda, chegávamos ao Curral de Lamalonga onde descansaríamos e retemperaríamos forças para a jornada seguinte.
Depois do descanso, percorremos toda a escombreira da Lamalonga e começamos a subir em direcção à Sesta de Lamalonga. Seguimos por breves momentos na cumeada e passamos novamente para o Vale da Ribeira das Negras deixando assim para trás os domínios da Lamalonga com os seus garranos. Alguns minutos mais tarde e muitas paisagens depois, chegávamos à Lage dos Bois. À nossa esquerda abria-se a imponente Corga de Sabrosa e à nossa direita a Ribeira das Negras transformava-se no Ribeiro do Penedo. A paisagem à nossa frente era marcada pelo Espigão da Lama de Pau. Aqui, começamos a descer pela Corga do Gargalão e após passarmos o ribeiro seguimos em direcção ao estradão que rasga a paisagem para lá da Lage dos Infernos até ao Porto da Lage.
Foi um dia bem passado em boa companhia, por trilhos seculares.
Ficam algumas fotografias...
Belos registos caríssimo!
ResponderEliminarAbraço
Xavier
Olá Rui!
ResponderEliminarA última cabana que está publicada na foto , chama-se cabana do Pinhedo e foi recentemente recuperada pela Comissão da Vezeira do Ferral, com a finalidade de fazer uma surpresa ao último vezeireiro daquela localidade, e também para não deixar apagar as memórias de um passado orgulhosamente conservado pela actual comissão e o povo Geresiano!
Os dois currais existentes na ribeira das negras entre lamalonga e matança são conhecidos como currais de matança, existe um curral mais abaixo que é conhecido como curral da volta da cuba.
ResponderEliminarCaro Jorge,
ResponderEliminarMuito obrigado pela informação!!
Abraço!
Caro Jorge,
ResponderEliminarSuponho que o acesso ao Curral da Volta da Cuba seja mais fácil pela parte sul do vale?