Tinha ficado a curiosidade da última vez que me havia aventurado naquela zona. Se de facto a descida ao lado da Cova do Azevinheirinho em direcção à Teixeira foi um quase desbravar de mato à procura de mariolas, a descida «nas costas» da Roca Negra foi um caminhar pelos trilhos perdidos da Serra do Gerês.
E conhecer a montanha é isto mesmo, ir desbravando aos poucos nem que por vezes esteja somente em causa alguns quilómetros de velhos caminhos em tempos idos utilizados pelas populações serranas para se deslocarem mais facilmente. Infelizmente muitos destes caminhos acabam perdidos por entre a urze e a carqueja. Outros vão-se mantendo. Outros ainda mostram-se de longe a longe...
Assim, o dia começou na Portela de Leonte com o usual abastecimento rápido de água para fugir às carraças... sejam elas quais forem! Subida em direcção ao Vidoal / Mourô tendo o Pé de Cabril a vigiar-nos as costas. Chegado ao Vidoal foi a surpresa de ver aquele prado com um colorido diferente do habitual, pois as chuvas do último fim-de-semana trouxeram nova vida à serra. Algumas fotografias e pé no caminho que a temperatura já marcava os 25ºC pelas 10h00. Daqui, rumo à Freza e depois Chã da Fonte onde se encontra uma pitoresca e refrescante nascente, o verdadeiro ouro da serra. Até aqui caminhei na companhia de um grupo guiado pel'O Maior de Barcelinhos. Enquanto que este grupo seguia em direcção à Lomba de Pau, eu rumei em direcção ao Pórtico (ou Arco) do Borrageiro, passagem quase obrigatória naqueles sítios. Daqui o trilho levou-me ao Borrageiro (antena) e depois desci então para a Roca Negra.
Por detrás do velho abrigo, lá estava o trilho que passa ao lado da Cova do Zevinheiro. Foi por aqui que havia avistado lá no fundo do vale, um trilho bem demarcado. Uma observação mais atenta levou-me a descobrir um velho abrigo abandonado e saltou-me à memória uma fotografia que O Maior da Figueira me havia enviado há umas semanas.
Estando ali naquela larga chã tipo salsicha alemã no grelhador, demorei pouco minutos a traçar a minha rota de descida por entre linhas de água e partes de velhos trilhos. Em poucos minutos, e com a temperatura a rondar os 33ºC, lá estava junto do abrigo já depois de ter visto paisagens únicas e de ter soltado... vária exclamações de surpresa e deslumbramento...
Depois de me refrescar num resistente regato que corria vale abaixo em direcção ao Rio Conho, iniciei uma penosa subida com um Sol abrasador. Duas ou três paragens para fazer líquidos (sempre quis escrever isto...), uma ou outra olhadela para o vale que se ia afundando a meus pés (momento poético), lá estava eu a ver a Roca Negra já do lado oposto. Em breve ficaria escondida pelas ombreiras graníticas ao mesmo tempo que a imponência do Cutelo de Pias se ia manifestando a cada passo a abeirar do abismo.
Seguindo em direcção à Rocalva, esta rapidamente ficaria para trás apontando os meus passos em direcção ao Conho passando a Mourisca. Aqui, reencontrei o grupo d'O Maior de Barcelinhos que descansava à sombra do carvalho. Mais uma vez iríamos partilhar o trilho, mas desta vez em sentidos opostos. Enquanto que eles seguiam em direcção aos Prados da Messe, eu rumava para a Lomba de Pau que me levaria à Chã da Fonte e depois Freza e Vidoal.
Na descida para a Portela de Leonte o meu termómetro registou 38,7ºC às 15h30.
Fotografias: © Rui C. Barbosa
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