A 22 de Julho de 1941 é registada na Câmara Municipal de Terras de Bouro com o n.º 19 a mina de volfrâmio de Cidadelhe. A 30 de Julho tem lugar uma série de registos mineiros na Câmara Municipal de Montalegre: Pinhedo (registo 330), Lamalonga n.º 1 (registo 331), Lamalonga n.º 2 (registo 332), Lamalonga n.º 3 (registo 333). O volfrâmio em Lamalonga é descoberto por Aníbal Pereira da Silva através de inspecção na superfície e solicita o direito à concessão a 30 de Julho de 1941.
A grande procura de concessões mineiras acabou por trazer conflitos em muitas regiões do país e a zona dos Carris não foi excepção. A 11 de Julho de 1941 dá entrada na Câmara Municipal de Montalegre um pedido de registo mineiro por parte de José Maria Gonçalves de Freitas, de Montalegre, sendo atribuído o registo mineiro n.º 318. O pedido de concessão mineira daria entrada na Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos a 20 de Setembro, sendo-lhe atribuído o n.º 10.994. Os éditos mineiros seriam publicados no Diário do Governo de 14 de Outubro de 1941, e com este manifesto denominado “Carris e Salto do Lobo” dava-se início a um conflito que iria durar quase dois anos e que iria prejudicar o desenvolvimento mineiro naquela zona da Serra do Gerês com os diferentes lados a demarcarem sucessivas concessões para assim impedirem o aceso mútuo á concessão principal.
O texto seguinte é uma transcrição de uma carta de 10 de Outubro de 1941 enviada pelo então Presidente da Câmara de Montalegre ao governo onde é relatada a situação conflituosa existente entre as duas partes que inicialmente reclamavam a posse da concessão do Salto do Lobo:
"A 24 de Junho de 1941 Domingos da Silva fez o registo mineiro 303 do sítio denominado 'Salto do Lobo'. A 11 de Julho de 1941 José Maria Gonçalves Freitas e Abílio Gonçalves Barroso fazem também o registo mineiro 318 denominado 'Carris e Salto do Lobo', que se sobrepõe ao registo anterior.
O segundo registo é feito com a clara intenção de prejudicar o proprietário do primeiro registo e sob a desmedida ambição que nada respeita, veio originar grave questão, que teria causas verdadeiramente lamentáveis se eu, na qualidade de delegado policial neste concelho, não interviesse, ordenando a paralisação dos trabalhos de pesquisa já encetados por ambos os proprietários dos registos.
A situação mantém-se há dois meses e neste dia Domingos da Silva entregou na câmara uma petição para retomar os trabalhos. (...)"
A Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos respondeu a 24 de Outubro de 1941 à carta do Presidente da Câmara de Montalegre, afirmando que se deveria manter a decisão camarária e que não deveria ser autorizada qualquer nova pesquisa. Por outro lado, fazia constatar que o segundo proprietário não poderia trabalhar porque a sua pretensão era mais recente e porque Domingos da Silva já havia naquela data pedido a concessão.
Fotografia: © José Rodrigues de Sousa / Rui C. Barbosa
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