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sábado, 30 de janeiro de 2010

A Serra! (VI)


Esta é a sexta e última parte do artigo "A Serra!" que em Junho de 1935 os repórteres da defunda Latina escreveram após visitarem a Serra do Gerês.

Disponível no seu n.º 4 - Julho de 1935 (Vol. II), este artigo escrito por Camacho Pereira (Director da Revista Latina), descreve um passeio pela Serra do Gerês. O texto é aqui transcrito mantendo as suas características originais.

"(...)

Um atalho onde por vezes patinamos nos vai trazendo encosta abaixo.

A certa altura perante uma rampa mais inclinada do que seria para desejar e com um fim um tanto ou quanto trágico o Carlos declara, sentando-se, que não anda mais. Complicação inesperada: a encosta era longa ainda, o sol tocava quasi as cristas fronteiras e na serra os luscos-fuscos são curtos.

A muito custo se convenceu da sua loucura e lá fizemos a passagem sem novidade, mais adeante encontramos uma pequena cobra de meio metro que nos fez lembrar os perigosos javalis, felismente raros.

Laspedo e Bargiela, avolumam-se e encastelam-se no espaço, mais um cenro de zig-zags e chegamos ao vale perto da casa de Albergaria.

Junto a um torrentoso ribeiro, vendo o sol já a escapulir-se nos penhascos do Laspedo fizemos a nossa ceia; eram já horas e a cesta que cheia estava , no fim mostrou-nos o fundo. O Senhor Maia tinha acertado.

A subida do vale do Leonte por entre a celebre e velha mara de carvalhos deve ser por demais conhecida pelo tanto que dela se tem falado. Muitas pontesinhas pitorescas e pequenas cascatas e também algumas trutas, quando chegámos a Leonte já era noite, era tempo, tempo de tomar a estrada, onde ainda tinhamos de fazer 7 km. às escuras, que teriam sido dolorosos se fossem como os que vinhamos de passar.

Da linda e magnífica estrada que pela Preguiça leva do Gerez ao Leonte entre vertentes abruptas, sempre engalanadas de verdura, com as mirabolantes curvas e contra curvas de enormes muros suportes e acertados pilares de protecção ficou-nos uma grata mas fatua recordação que mais tarde no novo passeio a S. João do Campo viemos avivar então confortavelmente instalados no Plymouth do nosso amigo Gaspar.

Por alturas da Preguiça e par que não faltasse um detalhe característico, os cães que sempre esploravam as margens da estrada começam em intermináveis latidos, cada vez a perderem-se mais no alto da encosta.

O Avelino excitado e constrangido por não poder abandonar-nos declara.

- Por esta ceia não esperava aquela corça! Anda uma por estes sítios, já que não a largam tão cedo.

E de facto, os latidos continuavam sempre, sentia-se a perseguição.

De repente o guia dá-nos as

- Boas noites.

E nós aterrados

Então deixa-nos sós aqui, no meio da serra?

- Os Senhores estão já no Gerez, eu, se me dão licença vou para minha casa que é por aqui, e sem mais desapareceu.

Era verdade, logo na volta da estrada apareceram as últimas casas das termas, a colunata, a fila dos hóteis e às 11 horas depois de 17 de caminhada aportámos ao Grande Hotel do Parque, onde, Castelo Branco e todo o pessoal já em cuidados nos esperavam e ao ouvirem a nossa narrativa fiseram estalar a língua.

Camacho Pereira

Director da Revista Latina"

Fotografia: © Rui C. Barbosa (Originais de Camacho Pereira e Carlos Ribeiro)

Notas Históricas (CXXXIX)

Resumo das extracções mineiras nas Minas dos Carris em 1973.

Fotografia: © Rui Barbosa

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Postais do Gerês (XXXVIII)

São óbvias as diferenças entre os dois postais que nos mostram o mesmo local em épocas históricas completamente distintas.

O primeiro postal datará da primeira metade do Século XX e mostra-nos uma das bicas termais existentes nas Caldas do Gerês. Fazendo parte da série "Recordação do Gerez", é uma edição da Loja Espanhola - Braga, Filial no Gerez. A Fotografia é de A. Gonzalez.

O segundo postal é mais recente e foi editado por Cristina Duarte Editores.

Como referi, ambos os postais mostram o mesmo local e é curioso notar que a forma das grades divisórias acabou por não ser alterada com o decorrer dos anos, somente a extensão do corrimão foi alterada. Notal a inscrição sobre as pedras "Aegri Surgunt Sani", "Os doentes levantam-se sãos".

O primeiro postal tem como legenda "Gerez - Buvete - Os doentes levamtam-se sãos" (com o devido erro ortográfico), enquanto que o segundo postal está somente identificado como "Gerês - Portugal".

Fotografias: © Rui C. Barbosa

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A Serra! (V)

Esta é a quinta parte do artigo "A Serra!" que em Junho de 1935 os repórteres da defunda Latina escreveram após visitarem a Serra do Gerês.

Disponível no seu n.º 4 - Julho de 1935 (Vol. II), este artigo escrito por Camacho Pereira (Director da Revista Latina), descreve um passeio pela Serra do Gerês. O texto é aqui transcrito mantendo as suas características originais.

"(...)

Seguimos êste Prado da Messe que faz parte dos Prados Caveiros, é muito extenso e por êle em fóra vamos encontrando vitelinhos que se espolinham à vontade.

Mais uma subida, por entre os blocos que pizamos sussurra a água escondida, arbustos de ramagens fortes tolhem-nos o caminho.

Passamos junto à Fonte das Alvas, à Abelheirinha ao Cantarelo; num prado encontramos uma espécie de algodão, outros prados eram todos cheios de água e por fim atingimos um limite, o Alto do Peito da Escada é qualquer cousa de grandioso. Devassamos a outra vertente da serra do Gerez e devassámo-la sobranceiros de mais de quinhentos metros quási a pique e faz calafrios lembrar que é por ali que temos de descer.

É o quatro ponto de vista maravilhoso da serra do Gerez e quel dêles o melhor, qual deles o mais variado.

Elevam-se altaneiros, ao nosso nível, os três colossos, Las pêdo, ao nosso lado cortado a prumo sôbre o vale do rio Leonte, os picos da Bargiela entre o vale do Leonte e o do Homem, e o de Eiras na direcção da fronteira. Êstes três colossos têm umas lindíssimas peles, são todos cobertos por um arvoredo frondoso e verdejante, desde o fundo dos talwegues com os carvalhos seculares, até aos azevinheiros dos cabeços; nêste imenso anfiteatro ressoam centenas de cascatas que tombam de todos os lados, algumas como fitas de fogo reflectindo o sol no declínio.

É um assombro de vegetação em contraste com o assombro de esterelidade das Fechinhas, estamos em pleno ámago da região florestal, o vale de Leontesubindo até Leonte; o vale do Homem enorme, longínquo, onde se adivinha a geira romana; a nossos pés sempre arvoredo, avistam-se as casas-matas de Albergaria e da Portela do Homem; muito longe na planície que se abre despida e nua e que é já Espanha divisam-se as aldeolas galegas de Lobios e Imterime.

Mas temos de descer!

(...)"

Fotografia: © Rui C. Barbosa (Original da Revista Latina)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Notas Históricas (CXXXVIII)

Resumo das extracções mineiras nas Minas dos Carris em 1972.

Fotografia: © Rui Barbosa

A Serra! (IV)

Esta é a quarta parte do artigo "A Serra!" que em Junho de 1935 os repórteres da defunda Latina escreveram após visitarem a Serra do Gerês.

Disponível no seu n.º 4 - Julho de 1935 (Vol. II), este artigo escrito por Camacho Pereira (Director da Revista Latina), descreve um passeio pela Serra do Gerês. O texto é aqui transcrito mantendo as suas características originais.

"(...)

Chegamos ao marco, 1433 metros, por volta da uma hora da tarde, vulgarmente os excurcionistas que se atrevem a subir cá cima e que nunca se arrependem de o ter feito, pois ficam bem compensados de algum cansaço que tenham sentido, endireitam a Leonte que atingem em duas horas de caminho e depois pela estrada fácilmente encontram os hoteis das termas.

Nós alteramos aqui o nosso itinerário e resolvemos estabelecer outro términus, o Peito da Escada e assim tomámos outro caminho seguindo pela Lomba de Pau. É nesta descida que se nos depara um dos mais formidáveis espectáculos da serra: em frente a monstruosa ravina do Vale do Conho e de Fechinhas, amplissimo panorama de granito! Pedras ao pé, pedras ao longe, enorme visão das épocas das convulsões geológicas!

Aqui, além, ao longo do caminho encontramos pequenas pirâmides de pedras soltas à beira do trilho.

- Para que servem?

- Isto são as Mariólas.

«Sabem os Senhores, quando neva, no Inverno, todos êstes caminhos desaparecem debaixo da neve e nós pomos os Mariólas para intrujarmos a neve e sabermos por onde vai o piso.»

Ao fundo da Lomba de Pau em frente ainda às Fechinhas, nova Chã com a sua cabana abrigo, e já à vista da Fontes das Alvas cujas rochas semelham uma fortaleza, tomamos outra refeição, e recomeçamos a caminhada com vista de atingir o alto do Cantarelo.

Escalamos montes, atravessamos ribeiros, recomeça a vegetação rasteira, que vai crescendo à medida que avançamos, dando-nos pelo peito nas últimas Chãs. Ao fundo de uma das numerosas descidas encontramos a Vezeira guardada naquêle dia por manuel Fento e Manuel d'Além, doi snomes curiosos, no seu dia de Vezeiros em 24 de Julho de 1933 no Prado da Messe, o maior de tôda a serra.

Vezeira - é um vocábulo local, originado pelos costumes e tradições que os povos gerezianos guardam como legislação própria e escrita e acatam de bom grado e motu-próprio. Todos os anos e assim que acabam as lides das leiras alcandoradas nos pendores da serrania, todos os visinhos juntam os seus gados e os levam para as Chãs de pastoreação do alto da serra onde passam todo o Verão, e cada visinho, à vez, tem de guardar o gado todo, durante um dia por cada cabeça que lá possua.

Todos os dias guardam dois e ao anoitecer chegam os que ficarão no dia seguinte de modo que de noite ficam sempre quatro vezeiros.

Vezeiros porque vão á vez. Vezeira porque é para onde vão os vezeiros.

(...)"

Fotografia: © Rui C. Barbosa (Original de Camacho Pereira)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Gerês Antigo, Gerês Termal - fim-de-semana fotográfico

Os blogues Carris, Bordejar, Trilhos e Azimutes, Monte Acima e No Gerês 2 irão levar a cabo um fim-de-semana fotográfico sobre o tema "Gerês Antigo, Gerês Termal". O objectivo desta actividade cultural é a de proporcionar aos participantes um fim de semana diferentes na Serra do Gerês através da identificação fotográfica de vários locais a partir de antigas memórias visuais.

Assim, durante um fim-de-semana os participantes nesta actividade terão a oportunidade de ao comparar velhas fotografias estabelecer uma ponte entre o passado e o presente.

Esta actividade irá decorrer nos dias 13 e 14 de Março e a inscrição e participação é gratuita. Se desejar participar nesta actividade deverá enviar um email para o autor do blogue Carris.

As melhores fotografias poderão vir a fazer parte de uma exposição fotográfica com o mesmo tema a ser levada a cabo nas Caldas do Gerês em data a determinar.

Fotografia: © Miguel Campos Costa

A Serra! (III)

Esta é a terceira parte do artigo "A Serra!" que em Junho de 1935 os repórteres da defunda Latina escreveram após visitarem a Serra do Gerês.

Disponível no seu n.º 4 - Julho de 1935 (Vol. II), este artigo escrito por Camacho Pereira (Director da Revista Latina), descreve um passeio pela Serra do Gerês. O texto é aqui transcrito mantendo as suas características originais.

"(...)

Obliquamos até atingir o maior ribeiro dêstes montes a Teixeira, de água limpida e fresca e ao seu lado regalados com as sombras do Curral do Cambalhão paramos como quem encontra um oasis.

Uma dúsia de Carvalhos com a imponência dos anciãos e a inseparável cabana de pedra solta dos Vezeiros, constituem o que os serranos no Gerez chamam em Curral ou uma Chã.

Descançamos algum tempo, enquanto o Fusco de nariz no chão, por longe, não descança na faina de levantar caça e ao dar sinal de um lagarto, único vivente que por estas alturas se enxerga, lá vão a tôda a brida o Leão e a Viana.

Na aresta que liga o Junco ao Pé de Salgueiro levantam-se alguns marcos denominados pelo Avelino de Telefes e que servem para fazer a delimitação da zona sujeita ao regime florestal.

Depois de uma nona carga sôbre a merenda deixamos com saudades o Cambalhão e entramos de novo no Sol, vale acima, - passamos por outro curral, o do Junco, maos pequeno e endireitamos à Garganta da Preza. Toda a subida até à Borrageira é monótona, horizonte estreito de lagêdos mas ao atingir o cúme, que deslumbramento!

Seria fastidioso enumerar todos os altos que se destacam isolados, todas as cumiadas que se sucedem umas após outras sem fim; melhor se poderá fazer idéia pelo gráfico que esboçamos, indicando todos os nomes, certos de que será apreciado por todos quantos à Borrageira tiverem a coragem de chegar e se não esquécerem de o levar.

«Que grandiosa tela dentro de formidável moldura! Coroando as eminências, santuários imponentes ou modestas ermidinhas, lembram mamilos de alabastro. Que seriação interminável de montanhas a perder de vista nas carcovas monstruosas».

Assim fala lá no alto Tude de Sousa.

(...)"

Fotografia: © Rui C. Barbosa (Original de Camacho Pereira)

Notas Históricas (CXXXVII)

Resumo das extracções mineiras nas Minas dos Carris em 1971.

Fotografia: © Rui Barbosa

domingo, 24 de janeiro de 2010

O descarado aproveitamento do sofrimento humano

Quando um sensível toureiro habituado á volentação, mautrato e sofrimento dos animais, vai para o Haiti num descarado aproveitamento do sofrimento e da tragédia humana, está tudo dito sobre esta gente.

POPNPG - Acção de Protesto em Braga (II)

Aqui ficam algumas imagens da minifestação que as gentes da Pemeda-Gerês levaram a cabo em Braga no dia 23 de Janeiro. Foram muitas centenas que apesar da chuva quiseram mostrar o seu descontentamento pelo novo Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Apesar de alguns estarem presentes a título individual, foi no entanto notada uma ausência muito importante nesta manifestação contra um plano de ordenamento que nos afecta enquanto visitantes do nosso único parque nacional. Onde estavam todos os montanheiros, associações e federações que os representam? É algo que devemos pensar até porque junto com este plano de ordenamento vão voltar as taxas da 1245/2009 e talvez aqui já o pessoal se sinta mais incomodado.

Obrigado ao Paulo Figueiredo pelas fotografias.

Fotografias: © Paulo Figueiredo

sábado, 23 de janeiro de 2010

O MAI visita o blogue Carris (II)

Após umas semanas sem aparecem, eles cá voltaram... Porque terá sido? Humm, escutas...

POPNPG - Acção de Protesto em Braga (I)

Teve hoje lugar em Braga uma acção de protesto promovida pelas gentes da Peneda-Gerês:

Peneda/Gerês: Plano de Ordenamento contribui para desertificação - presidente Câmara de Terras de Bouro, no Correio do Minho on-line.

Protesto em Braga por causa do PNPG, no Diário do Minho (mas sem perceber o alcance da fotografia ilustrativa do artigo!) - pré-manifestação.

População quer suspender plano para a Peneda-Gerês, no Jornal PÚBLICO - pré-manifestação.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A Serra! (II)

Esta é a segunda parte do artigo "A Serra!" que em Junho de 1935 os repórteres da defunda Latina escreveram após visitarem a Serra do Gerês.

Disponível no seu n.º 4 - Julho de 1935 (Vol. II), este artigo escrito por Camacho Pereira (Director da Revista Latina), descreve um passeio pela Serra do Gerês. O texto é aqui transcrito mantendo as suas características originais.

"(...)

Embora tivessemos avançado sôbre as provisões com genica ficamos com a certeza de que por longa que fôsse a jornada não passariamos fome e isto nos devia alegrar bastante, mais tarde.

De novo largamos em demanda do pico da Borrageira, terminus suporto para a nossa jornada e assim fomos passando em revista a nomenclatura da Serra: Observatório, Viveiros, Cabeça de Cão, Desfiladeiro de Artur Loureio, contornamos o Varegeiro onde milhares de pinheiros já de mais de palmo e meio atestam os trabalhos de repovoamento dos serviços florestais, começando então verdadeiramente o caminho da serra ou para ser mais conciso o caminho de cabras, ora saltando de penedo em penedo ora entre urzes agrestes e assim o tempo vai passando, sempre o mesmo mar de fragas com regatos saltando por todos os lados indiferentes ao calor que se vai fazendo já sentir, fontes fresquíssimas brotam a cada volta.

Oh! Magnifica água da serra!

Chegamos à primeira Chã ou Curral, a Carvalha das Éguas, pequeno trato de erva com dois carvalhos isolados e tristes na solidão das alturas e lá vamos, sempre infatigáveis.

Um novo cáos de predaria se desenrola, ao fundo na distância o Vale da Teixeira, para onde descemos; fecham o espaço o Junco e o Pé de Salgueiro; Garganta da Preza é p nome da passagem aberta ao vale. A prumo quási em frente a Borrageira para estar a um quarto de hora, porám quantas dobras de motanha!

A meia distância da Carvalha das Eguas e do Vale da Teixeira, na descida para este, quem for curioso que se lembre de soltar um grito e quando já supõe a sua voz perdida ouvi-la-há repetir o seu grito do lado da Garganta da Eirinha uma, duas, três e quatro vezes e depois sumir-se lentamente de tempos a tempos. Eis o Éco; a Serra vos responde."

Fotografia: © Rui C. Barbosa (Original de Camacho Pereira e Carlos Ribeiro; Revista Latina)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A Serra! (I)

Em Junho de 1935 os repórteres da defunda Latina, a revista de intercâmbio latino, visitaram a Serra do Gerês. Em resultado desta visita proporcionaram aos seus leitores uma fantástica descrição da Serra do Gerês.

Disponível no seu n.º 4 - Julho de 1935 (Vol. II), o artigo com o título "A Serra!", escrito por Camacho Pereira (Director da Revista Latina), descreve um passeio pela Serra do Gerês que agora transcrevo aqui para os leitores do Blogue Carris mantendo as características do texto original.

"A Serra!

Às cinco horas chamaram-nos.

O guia deve estar por aí perto.

Em menos de um quarto de hora estavamos prontos à porta do hotel.

Luz mal se apercebia ainda; é o despertar da passarada que chilrrea ensurdecedoramente; o ar fresco e limpo da madrugada.

Quem nunca se levantou cêdo não sabe o que perde.

O Avelino, o filho do guarda-fios, o nosso guia e companheiro de viagem chega com os seus 3 cães, sempre inquietos, o Leão, a Viana e o Fusco, todos pequenos mas de orelha arrebitada.

Chega também o João com quatro enormes embrulhos e duas não menores borrachas de que o Avelino se entrega e depois de armados de varapaus, ainda escuro, aí vamos nós de lonaga ao ataque da íngreme ladeira da Pedra Bela.

Cercamos o hotel do Parque que é o nosso, atravessamos o romantico parque, a essa hora, ainda adormecidos os seus alvos cisnes e entramos finalmente na autentica subida. A todos os instantes riachos nos estorvam o caminho, gorgolejando por todos os lados a brincar com os rochedos.

Já longe muito alto ouve-se uma matilha latir.

- Alguma Corça? perguntou o meu companheiro Carlos sempre com o vicio da caça.

- Por enquanto não, sorri o Avelino, são os cães da casa do Guarda.

Passamos pela tal casa que mais parece um moinho e seguimos, a encosta apruma-se cada vez mais à medida que se vai avançando, o carreiro sempre a estreitar cedo se perde no mato alto onde só os serranos sabem destrinçar as direcções.

Pouco mais de uma hora dura a nossa ascenção, já quási lá em cima começamos a avistar a estradinha da Pedra Bela com os inumeros SS.

834 metros na Pedra Bela, o Sol ainda muito baixo, como a ter dificuldade de soltar-se da cumeada da serra de Vieira. A atmosfera por felicidade nossa de uma limpidez extrema. Ao sul, muito ao longe fechando o horisonte distinguem-se perfeitamente a olho nú o sameiro com o seu carasio e as suas poucas árvores.

Todo o imenso Vale do Cávado se estende a nossos pés, enorme e imponente.

O nosso pôsto de observação parece a prôa de ciclopico navio, fendendo bonançosamente mares de terra.

À direita do Vale do Gerez profundo e ravinoso contrapõe-se ao vale montante do Cávado à esquerda amplo e largo e ao longe muitas linhas de montanhas esfumadas até perder de vista comandadas pelas serra de Vieira.

Os nossos desenhos ilustram de uma forma eloquente os feitos bizarros dos pincaros que coroam este linda Serra.

É ainda cedo mas a escalada dos atalhos ingremes e dos córregos espinhosos abre fortemente a opetite e ali no meio daquela vastidão por onde se espalha a vista, abrimos pela primeira vez o nosso farnel, e então tivemos ocasião de apreciar as excelentes qualidades de gourmet do Snr. Maia ao vermos um nunca acabar de frangos, costeletas, filetes, doces, etc."

Fotografia: © Rui C. Barbosa (Capa Revista Latina 4 na qual mostra a Curva da Morte na estrada para Leonte a partir de uma fotografia de Camacho Pereira)

Peneda-Gerês Com Gente: Conferência de Imprensa

Teve lugar no dia 20 de Janeiro uma conferência de imprensa promovida pela Comissão Peneda-Gerês Com Gente na qual se falou do Plano de Ordenamente do Parque Nacional da Peneda-Gerês e se preparou a manifestação que terá lugar em Braga no próximo dia 23 de Janeiro.


Fotografia © Correio do Minho

Fotografia © Diário do Minho

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Postais do Gerês (XXXVII) - GEREZ - Pontes sobre os rios Caldo e Cávado

Incluído na colecção 'Recordação do Gerez' uma edição da Foto Gonzalez - Loja Hespanhola (Braga - Filial nas Caldas do Gerez), este é mais um postal que nos mostra a paisagem não muito longe de Vilar da Veiga antes da chegada da Barragem da Caniçada.

Este é um postal da primeira metade do Século XX e sem dúvida ums interessante memória visual histórica da Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O Abrigo Pastoril na Serra do Gerês

Em continuação dos meus trabalhos relacionados com o estudo e catalogação dos abrigos existentes na zona dos Carris, li um texto muito interessante de Tude de Sousa incluído na sua obra "Gerez - Notas Etnográficas, Arqueológicas e Históricas" editada em 1927 pela Imprensa da Universidade de Coimbra e reeditada em 2009 pela Câmara Municipal de Terras de Bouro.

É uma descrição interessante dos abrigos e costumes das gentes do Gerês e faço aqui a sua transcrição mantendo o texto original. É uma ajuda para tentar esclarecer o elevado número de abrigos existentes naquela zona agreste da Serra do Gerês.

"O ABRIGO PASTORIL NA SERRA

«Em o derradeiro domingo de Abril de cada ano», depois da missa conventual, sem qualquer convocação prévia porque assim o estabelece o velho uso, e assim o determina o velho Livro que há-de servir para o Rol da Veseira das vacas da freguesia de Santo António do Vilar da Veiga, reunem-se no sítio da Moldeira todos os que têm vacas, para assentarem no dia dos Covais.

O dia dos Covais, ou seja aquele em que os vezeiros do Vilar da Veiga vão à serra percorrer os curreis que lhes pertencem e concertar os fornos e os caminhos, é o acto preliminar da subida dos gados à pastoreação dos altos, a êle nenhum faltando, sob pena de pagarem «de condena os costumes à Vseira que são trezentos réis excepto tendo Veseiro de rés ou gado, ou bôda ou Baptisado, ou cargo de justiça».

É por assim dizer, um dia de folgança, em que desde manhã se vêem passar os lavradores vezeiros, isoladamente ou em grupo, de sachola ao ombro e merenda a tiracolo, até ao ponto de reunião combinado, onde se dividem, voltando mais tarde, depois de colocados alguns torrões, mudadas algumas telhas de canudo nas cabanas e substituídas algumas mariolas, ou reconstruídos alguns lances de carreiros que a invernia arruinou, a reunir-se no curral de Vidoeiro, onde exibem as fartas merendas e borrachas cheias, no melhor capricho de cada um, recirpocamente se oferecendo e em comunidade consumidas.

O dia 1 de maio é o dia oficial de pôr a vezeira na serra, levando cada qual as suas vacas onde o Acôrdo o tiver estabelecido, ficando obrigado o pastor que nesse dia entrar, a levar consigo louça, o alvião, a caldeira, as cordas e outros utensílios à dita vezeira pertencentes.

Cada freguesia tem as suas zonas de pastoreção secularmente estabelecidas, com currais de longe em longe, onde as terras fizeram chã e as pastagens melhor cresceram, servindo êles para estabelecer os centros onde a vezeira, em rotação, se demora, percorrendo-os um a um, durante os dias em que os arredores de cada qual garantem a comida bastante.

Pastadas as terras à volta de um currak, a vezeira, quando o acôrdo assim o manda, desloca-se a seguir para outro, caminhand dos pintos altos e afastados para os mais baixos e próximos, até descer ao povoado quando as ervas entram a secar e o inverno se aproxima.

Da Borrageira - um dos pontos culminantes da serra - para baixo, só depois a Senhora da Abadia (15 de Agôsto) e daí para o eido quando o acôrdo o determina, ficando, porém, ainda lá alguns gados, mas então ao freirio e sem responsabilidades de guarda da vezeira.

Para o estadio em cada curral tem o pastor, como já dissemos, o seu fôrno, ou cabana, onde se recolhe e abriga. São construções tôscas, ligeiras, de pedras sêcas, mal dispostas geralmente, umas revestidas e outras não de torrões, tapando os intervalos. Cobertas umas de telhas redondas, à portuguesa; cobertas outras de torrão, guarnecendo pedras largas e delgadas.

As suas dimensões e capacidade não são grandes: 2 a 2,50 metros de alto, por 2,50 a 3 metros de comprido, com as portas baixas, por onde o homem passe bem curvado e por elas não entre o gado. Três a seis, ou oito pessoas é o máximo que nelas caberão.

A cobertura de uns fornos é redonda, aguçada; a de outros com armação em duas águas.

O pavimento coberto de fetos ou mato meúdo para amaciar a dormida e junto da porta, do lado de fora, em muitos fornos, a pia, ou pias, cavadas na rocha firma, ou móveis, para a comida e bebida do cão, inseparável companheiro e amigo da montanha. A porta de serventia, única, tapada apenas por alguns gravetos de mato ou ramaria, indicadores só de uma linha de respeito.

O travejamento é tôsco, como a construção em que se emprega, e fornecido sempre pelos carvalhos mais próximos, que os há com fartura na serra, brotando e crescendo com espontânea pujança naquela solo abençoado.

Esta habitação e os costumes que descritos ficam, são mais ou menos comuns a todos os povos da serra, e não só ao de Vilar da Veiga, pelo que, a não ser com alguma variação menos, se encontra nos homens e nos usos de Rio Caldo, de Covide, de S. João do Campo e Vilarinho, de Cabril e de Pitões e por aí fora, até termos de suajo e Lindoso, por um lado; até termos de Barroso e Montalegre, pelo outro.

Segue um ensaio de distribuição geográfica:

Perto da Galiza, o curral da Amoreira, gereziano português, mas no usofruto dos gados e dos vizinhos do lado de lá, um dos maiores da serra, de pedra e de torrão.

Na chã do Carvalho e nos Prados Caveiros dois de pedra e terra, pertencentes a Vilarinho e mais dois de pedra e telha em S. Miguel e Albergaria, e outros mais.

S. João do Campo tem o seu forno de pedra e telha no curral de Leonte de Baixo, e outros, de um e outro tipo dispersos.

Vilar da Veiga, quási todos de pedra e telha, tem os fornos dos currais dos prados da Messe, do Conho, de Leonte de Cima e outros, tendo em desuso os da Mijaceira e Vidoeiro, por estarem cortados e devassados agora pela estrada pública para a fronteira, e Rio Caldo tem o Vidoal, de pedra e telha, ao subir de Leonte e antes de chegar à Borrageira.

Esta é a habitação da serra, único refúgio noutros tempos, com alguma pala natural, de quem por lá deambulava, simples caminheiro, contrabandista, ou pastor, hoje já acompanhado pelas numerosas casas da guarda florestal, quebrando a solidão da floresta e das fragas.

O forno dos pastores gerezianos, ligado ao regimen comunalista e pastoril que os seus povos têm, é bem ainda, pelo espírito ancestral que representa, o esoêlho liso da tradição em que aquela gente, sequestrada do mundo, vivia noutras eras a vida de paz, a vida simples de fraternidade e de amos, que os novos tempos e as civilizações lhes vão dia a dia enfrequecendo e quebrando.

Conservá-lo, é conservar e respeitar uma típica característica geral do passado."

Fotografia: um forno pastoril não muito longe da Garganta das Negras, Serra do Gerês (fotografia de 1 de Maio de 2009.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

Notas Históricas (CXXXVI)

Carris, 4 de Agosto de 1952

Telegrama a informar da morte de António Silva ocorrida na mina do Salto do Lobo a 4 de Agosto de 1952.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

Salto do Lobo - Planta dos trabalhos de aluvião

Planta dos trabalhos de aluvião levados a cabo na concessão mineira do Salto do Lobo nos anos 40 do Século XX.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Marcha de Protesto no dia 23 de Janeiro em Braga

Terá lugar no próximo dia 23 de Janeiro em Braga uma Marcha de Protesto organizada pela Comissão Peneda-Gerês Com Gente que visa relembrar à governação, e nomeadamente à Ministra do Ambiente, que o Parque Nacional da Peneda-Gerês é quase todo ele propriedade das populações locais que ao longo dos séculos têm moldado a paisagem numa simbiose única. Isto é, dos 69.645 ha apenas 5.199 ha são propriedade pública que corresponde a menos de 7,5% do território do PNPG.

No fundo qual a razão desta marcha? A marcha serve para que não se perca os respeito pelas populações locais, pelas suas propriedades privadas, pelos seus hábitos e costumes, pelas ancestrais vezeiras e pelas gentes. Não se pode tentar gerir um parque nacional deixando de fora quem lá vive e tentando transformá-lo numa coutada privada de interesses dúbios. Não se pode impor uma realidade nascida de um desvairo anterior que parece interessante nos grandes espaços do estrangeiro, mas que nos sufoca no nosso pequeno país.

A Marcha de Protesto das gentes do PNPG terá lugar pelas 15h00 com a concentração na Avenida Central, Braga, e depois pelas 16h00 irá dirigir-se até junto do Governo Civil. Antes desta acção, e com vista à sua preparação, terá lugar no dia 20 de Janeiro, pelas 15h00, na Junta de Freguesia da Sé, Braga, uma conferência de imprensa.

Faço desde já o apelo a todos que mostrem o seu apoio às gentes da Peneda-Gerês! Certamente que teremos as nossas diferenças, mas certamente é muito mais o que nos une do que aquilo que nos ligeiramente afasta.

Para mais informações visitem Peneda-Gerês Com Gente.

Convém também não esquecer que a nossa luta contra a Portaria 1245/2009 não terminou, as armas agora descansam. Mas aproxima-se o limite do prazo legar que suspendeu a dita portaria e temos de estar atentos às movimentações daqueles que antes nos quiseram subrepticiamente taxar.

Não se esqueçam... Ousar Lutar! Ousar Vencer! Regras Sim! Taxas Não!

Fotografia: © Rui C. Barbosa

sábado, 16 de janeiro de 2010

Notas Históricas (CXXXV)

Porto, 28 de Abril de 1958

Naqueles tempos (...) o país era governado por uma ditadura que tudo controlava e queria controlar. Porém, em alguns casos, quando se detectava um lapso de uma instituição governamental ainda se pedia desculpa.

Fotografias: © Rui C. Barbosa

Notas Históricas (CXXXIV) - Planta geral na mina do "Castanheiro"

Esta era a planta geral da Mina do Castanheiro tal como foi apresentada em Julho de 1943.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Notas Históricas (CXXXIII) - Perspectivas económicas e mineiras da prospecção a realizar na Mina dos Carris

Carris, 1979

"PERSPECTIVAS ECONÓMICAS E MINEIRAS DA PROSPECÇÃO A REALIZAR NA MINA DOS CARRIS

ANTECEDENTES

Em períodos anteriores de exploração, a mina produziu ao redor de um total de 650 toneladas de concentrados de volfrâmio assim como quantidades reduzidas de molibdénio e estanho, como sub-produtos.

Devido à deterioração extrema das cotações mundiais do volfrâmio, a lavra foi suspensa em finais de 1973.

As instalações da mina, em grande parte já obsoletas, sofreram, desde a suspensão da lavra, uma degradação quase total.

Como se depreende dos balanços apresentados (...) a situação financeira da Empresa, até Outubro de 1978, era de destesorização total, com perdas acumuladas de 2.947.633 Escudos agravadas por dívidas a longo prazo no montante de 4.597.680 Escudos.

SITUAÇÃO ACTUAL

Em Outubro de 1978 a Empresa conseguiu obter um crédito bancário estrangeiro, garantido pela firma MINREFCO, com base num contrato de promessa de cessão das quotas dos seus sócios actuais a esta última.

Este crédito destina-se integralmente ao financiamento de estudos e de pesquisas para comprovar a viabilidade económica do reínicio da exploração, acompanhados de uma reduzida produção a partir das reservas de minério à vista muito limitadas que a mina apresenta actualmente.

PERSPECTIVAS MINEIRAS

Os trabalhos de exploração anteriores abrangeram apenas o sector central da jazida de volfrâmio, molibdénio e estanho situada inteiramente dentro do perímetro das concessões concedidas à Empresa.

Estes trabalhos alcançaram 150 metros de profundidade numa extensão horizontal média de 400 metros, só dentro do perímetro de uma das quatro concessões da Empresa.

No entanto, os afloramentos filoneanos apresentam uma extensão reconhecida de 1.500 metros, oferecendo perspectivas da existência presumível de um mínimo de 80.000 T de reservas potencialmente de minério eventualmente explorável em escala industrial.

Os teores metálicos da mineralização, comprovados pelos resultados das explorações anteriores, justificam a presunção da viabilidade do seu aproveitamento nas condições actuais e previsionais do mercado mundial de volfrâmio, molibdénio e estanho.

PERSPECTIVAS ECONÓMICAS

As perspectivas económicas reflectem-se nos balanços previsionais apresentadas (...).

Estes balanços foram estabelecidos com base nas possibilidades de uma aplicação óptimados recursos financeiros procedentes dos créditos bancários já obtidos pela Empresa por intermédio da firma MINREFCO em conformidade com um programa detalhado de imobilizações corpóreas, de custos plurienais e de produção.

Os parâmetros utilizados na elaboração destes balanços previsionais são apresentados (...).

No caso de ficar comprovada a fiabilidade económica da exploração posterior à escala industrial, os resultados económicos presumíveis desta para os primeiros cinco anos (1982-1986) foram objecto de um prognóstico tentativo."

Fotografias © Miguel Campos Costa

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Notas Históricas (CXXXII)

Carris, 22 de Janeiro de 1962

A Guerra da Coreia decorreu entre 25 de Junho de 1950 e 27 de Julho de 1953, e durante este período os preços dos minérios volframíticos atingiram preços muito altos nos mercados internacionais. A corrida ao ouro negro que já se havia verificado nas serras portuguêsas por alturas da Segunda Guerra Mundial, voltou a reflectir-se desta vez com grandes investimentos em alguns campos mineiros tal como aconteceu nas concessões mineiras dos Carris.

No entanto, com o final do primeiro grande conflito da Guerra-fria os preços do volfrâmio voltaram a mergulhar para valores baixos. Mantendo a exploração e a produção vários anos após a guerra, a situação na Serra do Gerês acabou por se tornar incompotável e em 1957 (a 23 de Julho) surgiu o primeiro pedido de suspensão de lavra mineira. Esta situação iria manter-se ao longo dos anos 60. O relatórios anuais da exploração mineira levada a cabo em 1961 e 1962 (datado de 15 de Janeiro de 1963) são disso um bom exemplo.

Fotografias © Rui C. Barbosa

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Postais do Gerês (XXXVI) - Azenha no Parque; Penedo do Moinho no Parque das Thermas


Dois postais com igual cenário mas com designações distintas. O postal em cima 'GEREZ - Azenha no Parque' é uma edição da Loja Hespanhola, com impressão em França, do princípio do Século XX. O postal em questão foi enviado para o Porto a 11 de Agosto de 1925.

O segundo postal em baixo mostra um cenário semelhante onde é facilmente reconhecível a azenha do primeiro postal. Designado 'Penedo do Moinho - no Parque das Thermas - GEREZ' é também um postal do princípio do Século XX, tendo sido enviado para Lisboa a 14 de Outubro de 1915.

Fotografias © Rui C. Barbosa

Minas dos Carris, Relação do Pessoal em Setembro de 1953

Carris, 9 de Setembro de 1953

Esta era a relação do pessoal a trabalhar nas Minas dos Carris em Setembro de 1953, num total de 268 pessoas de forma permanente. Neste número não estão incluídos os possíveis apanhistas que poderiam «trabalhar» nas escombreiras resultantes da exploração das concessões mineiras.

RELAÇÃO DO PESSOAL

Mina...................... 66
Lavaria................... 47
Separadora............... 5
Centrais.................. 2
Serralharia............... 16
Diversos.................. 20
Criadas................... 9
Pessoal de escritório ... 8 ___ 173

CONSTRUÇÕES

Lavaria Nova............. 32
Central Nova.............. 4
Bairro...................... 13
Lagoa Carris.............. 25
Estradas................... 17
Reparações de Edifícios. 4 ___ 95 TOTAL 268

Fotografia © José Rodrigues de Sousa / Rui C. Barbosa

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Minas dos Carris, Compressores

Carris, 9 de Setembro de 1953

Uma relação dos compressores existentes no complexo mineiro em Setembro de 1953:

1 Grupo Moto-compressor 'Air Pump' - TS-22/8 - Modelo D312, de 7m3 P.M., 2 cilindros verticais, 2 andares de compressão, 1.200 r.p.m., acoplado com motor 'Diesel Dorman', tipo 4 DL III, 4 cilindros, 4 tempos, 1.200 r.p.m., 70 cv., motor de arranque JAP, equipado com chassis de ferro e rodas de pneu.

1 Grupo Moto-compressor 'Holman' - T.25D - De 6 m3 P.M., 2 cilindros verticais, 2 andares de compressão, 1.200 r.p.m., acoplado com motor 'Diesel Dorman', tipo 4 DL III, 4 cilindros, 4 tempos, 1.200 r.p.m., 70 cv., equipado com chassis de aço e rodas de bandagem.

2 Grupos Moto-compressores 'Atlas Diesel' - FR4V - De 4,5 m3 P.M., acoplados com motores 'Atlas Diesel', 4 cilindros, 2 tempos, 1.000 r.p.m., 54 cv. equipados com chassis de ferro e rodas de bandagem. (Cada unidade).

1 Moto-compressor 'Atlas Diesel' - C4DKV - De 3 m3 P.M., acoplado com motor 'Atlas Diesel', 40 cv, 4 cilindros, 2 tempos, 1.000 r.p.m., equipado com chassis de ferro e rodas de pneu.

Fotografia © José Rodrigues de Sousa / Rui C. Barbosa

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sempre a mesma história.

Apanhado na ressaca de uma constipação decidi não sair do conforto do lar este Domingo e dediquei-me a passar a tarde na vã esperança de ver a neve a cair por entre a moldura da janela do escritório. Infelizmente nada aconteceu e como despertei um pouco fora da hora normal, não testemunhei os poucos flocos que parece terem caído de manhã... Vou ser um descriminado...

Na tarde de Domingo um amigo meu de passagem pelo Gerês ligou-me a pedir o número de telefone dos serviços do parque nacional. Razão? Com a intensa queda de neve as estradas acabaram por ficar intransitáveis. Ele encontrava-se perto da Casa da Preguiça e segundo me relatou não havia qualquer sinal que avisasse os condutores do estado da estrada. Resultado? carros estacionados na berma, piso escorregadio, carros atolados, carros que sobem e carros que descem.

Era de esperar com os avisos da Protecção Civil relativos à descida das temperaturas e à queda de neve, que a romaria domingueira se deslocasse para o Gerês.

Infelizmente, e como só se trabalha para as estatísticas neste país perdido por quem governa, nada se aprende com o passar do tempo. Hoje é a neve, amanhã são os incêndios... e aqui seguimos nós, tristes naquilo a que gostamos de chamar de 'nosso' fado... Mas contentes com os futebóis que nos enebria...

sábado, 9 de janeiro de 2010

Outros lugares de Carris (CXI)

Carris, 2 de Janeiro de 2010

...um lugar efémero.

Fotografia © Rui C. Barbosa

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Postais do Gerês (XXXV) - GEREZ - uma passagem para a Calcedónia

Este postal pertence a uma colecção editada pela Comissão de Iniciativa e Turismo do Gerês e foi endereçado para o Porto a 11 de Setembro de 1939.

O postal mostra uma perspectiva interessante da passagem para a Calcedónia, um dos locais mais procurados pelos visitantes do Gerês de então.

Fotografia © Rui C. Barbosa

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Minas dos Carris, fornecimento de energia

Carris, 9 de Setembro de 1953

Estando isolado em plena Serra do Gerês e sem qualquer rede de fornecimento de energia, como era possível manter em funcionamento um complexo mineiro? A resposta estava em três centrais de fornecimento de energia existentes então.

Um grupo gerador era composto por um motor Deutz - Blockner de 54 cv, 2 cilindros a 2 tempos, 650 r.p.m., acoplado com corrente a um alternador Asea de 380 / 400 vóltios, 40KVA, 32 KW, 1.000 r.p.m..

Um segundo grupo era composto por um motor diesel Mc Lean Ricardo de 99 cv, 4 cilindros a 4 tempos, 1.000 r.p.m., acoplado com um alternador Brush de 380 / 400 vóltios, 69 KVA, 55KW, 1.000 r.p.m..

Finalmente existiam ainda dois grupos geradores Blockstone de 170 cv, 5 cilindros a 4 tempos, 500 r.p.m., acoplados a alternadores 'Diesel Driven Crompton Parkiston' de 400 / 440 vóltios, 125 KVA, 100 KW (cada unidade).

Fotografia © José Rodrigues de Sousa / Rui C. Barbosa

Etiquetas

Este blogue passa a partir de hoje a contar com uma lista de etiquetas para assim ajudar os leitores a encontrar os temas de procuram por entre as mais de 1250 entradas que fazem o Blogue Carris.

A lista encontra-se no fundo do blogue do lado direito.

A lista ainda não está completa e será aumentada a cada dia.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Edifícios das Minas dos Carris

Carris, 9 de Setembro de 1953

Já anteriormente fiz aqui uma descrição pormenorizada de todos os edifícios existentes nas Minas dos Carris. A seguinte relação e descrição dos edifícios foi entregue pela Sociedade das Minas do Gerês, Lda. ao governo a 9 de Setembro de 1953.

Faço uma transcrição da relação corrigindo os erros no original.

"Relação e Descrição dos prédios existentes

1 - Edifício construído em madeira, coberto a lusalite, com alicerces de alvenaria, com as dimensões 10,15 x 5,10 m.

Habitação

2 - Edifício construído em madeira, alicerces de alvenaria, coberto a lusalite, com as dimensões 8,50 x 6 m.

Carpintaria

3 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 5,50 x 2,50 m.

Habitação

4 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 5,50 x 2,60 m.

Habitação

5 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 8, x 6, M. 4 divisões e sanitários.

Habitação

6 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 12,50 x 6, M. 6 divisões e sanitários.

Habitação

7 - Edifício construído em madeira e revestido a lusalite, alicerces em alvenaria, com as dimensões 19, x 7, m. e ainda com anexo com as dimensões 5, x 3,50 m., tudo coberto a lusalite.

Habitação e escritórios

8 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 9 x 4,30 m.

Habitações

9 - Edifício construído em madeira, revestido e coberto a lusalite, com as dimensões 7,55 x 4,55 m. 3 divisões e sanitários.

Enfermaria e posto de socorros

10 - Edifício construído em pedra e madeira, coberto a lusalite e chapa de zinco, com as dimensões 10,35 x 4,15 m.

Forja e carvoaria

11 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 29, x 7,50 m.

Armazés, cantina e quartos

12 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 30, x 8,90 m.

Refeitório e cantina

13 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 35,5 x 5,30 m.

Habitações

14 - Edifício construído em madeira e alicerces em alvenaria, coberto a zinco, com as dimensões 12,20 x 6,90 m.

Habitação

15 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 12, x 6, m.

Habitação

16 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 40, x 4,80 m.

Caserna do pessoal

17 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 6,40 x 4,80 m. São 4 edifícios de iguais dimensões , formando 8 habitações.

Bairro

18 - Edifício construído em tijolo, com alicerces em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 15, x 10, m.

Garagem

19 - Edifício construído em tijolo, com alicerces em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 15, x 10, m.

Cantina

20 - Edifício construído em tijolo, com alicerces em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 6,40 x 5,20 m.

Bloco sanitário

21 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 15, x 7, m.

Habitação

22 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 58,5 m2.

Central McLaren

23 - Edifício construído em alvenaria e coberto a lusalite, com as dimensões 13, x 6,50.

Serralharia

24 - Edifício construído em madeira, alicerces em alvenaria e coberto a chapa de zinco, com a superfície de 149,50 m2.

Lavaria

25 - Edifício construído em alvenaria e tijolo, alicerces de alvenaria, coberto a chapa de zinco, com as dimensões 21,30 x 60 m.

Separadora

26 - Edifício construído em alvenaria e tijolo, alicerces de alvenaria, com as dimensões 12, x 9, m., coberto a lusalite.

Central Blockstone

27 - Edifício construído em alvenaria, coberto a lusalite, com as dimensões 514 m2 de superfície.

Lavaria nova

29* - Edifício construído em alvenaria, digo, madeira, alicerces de alvenaria, coberto a telha, com as dimensões 15 x 7. m.

Armazém - Água da Pala.

30 - Edifício construído a tijolo, alicerces de alvenaria, coberto a lusalite, com as dimensões 5,70 x 3, m.

Paiol"

* Não é indicado o n.º 28 (Rui C. Barbosa)

Fotografias © José Rodrigues de Sousa / Rui C. Barbosa

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Postais do Gerês (XXXV) - Chá de Leonte

A Chã de Leonte (curiosamente no postal está escrito 'Chá') é aqui mostrada neste postal muito interessante que deverá datar do início da segunda metade do Século XX. A paisagem retratada é conhecida da maioria dos amantes e visitantes da Serra do Gerês e ainda hoje podemos lá encontrar a pequena cabana de pastores visível no postal.

Um aspecto curioso no postal, e que ajuda à sua datação, é o facto de serem visíveis cabos de electricidade ou de telefone (telégrafo) na direcção da Portela do Homem, o que pode indicar serem os antigos cabos de telégrafo para as Minas dos Carris.

Fotografia © Rui C. Barbosa

domingo, 3 de janeiro de 2010

Fitas e fitinhas (II)

Há uma semana atrás quando percorria um trilho no Parque Natural de Baixa Limia - Serra do Xurés, na Galiza, encontrei uma série de fitas de marcação de percurso de uma prova de BTT.

Pergunto-me como é que podem as organizações destas provas permitir que depois das actividades as montanhas fiquem sujas com estas fitas? Porque não as mandam recolher? De quem é esta (ir)responsabilidade?

Ver-go-nha

Este é daqueles casos em que duas imagens valem muito mais do que as duas mil palavras que possa escrever aqui. Isto passa-se no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Isto é uma vergonha...

Fotografias © Paulo Figueiredo