A História das Minas dos Carris desenvolveu-se ao longo dos anos passando por diversas fases. Se numa fase inicial a organização socioeconómica da mina era rudimentar, com a chegada da Sociedade das Minas do Gerês surgiu a intenção de se criar um verdadeiro núcleo mineiro na Serra do Gerês onde se apostava na organização e na criação de um complexo tecnologicamente avançado.
Quando hoje percorremos as ruínas das Minas dos Carris e observamos a sua organização não imaginamos a sua complexidade para além do que os nossos olhos alcançam. Por outro lado, parecem existir peças que não encaixam no puzzle que são as ruínas dos Carris e somente com a feliz ajuda de antigos registos fotográficos podemos determinar que em certos locais existiam estruturas há muito desaparecidas da paisagem.
Quando cuidadosamente caminhamos naquela a que eu chamo a zona industrial das Minas dos Carris podemos observar várias zonas de colapso, isto é zonas onde seguramente se deu o colapso das galerias subterrâneas com evidentes efeitos à superfície. A zona industrial dos Carris é acessível através de uma rampa que tem início junto da antiga casa do pessoal superior da mina. No final desta rampa, mais precisamente no seu lado esquerdo, observamos a mais recente zona de colapso, uma indicação de que as galerias subterrâneas se estendiam até àquela distância e que não se encontram a uma profundidade muito grande. Um pouco mais à frente e do lado direito encontramos uma outra zona de colapso, mas esta bem mais antiga do que a anterior. Sempre vi este local assim e desde a primeira vez que me intrigou o porquê de se encontrar assim? Obtive a resposta a esta pergunta através da comparação das seguintes fotografias.
A fotografia seguinte mostra parte dos edifícios de processamento do minério existentes nas Minas dos Carris no decorrer da segunda metade dos anos 50. Os edifícios que estão visíveis na fotografia mais antiga foram os primeiros a ser construídos e são basicamente uma lavaria e instalações de processamento de minério muito rudimentares.
Já por várias vezes referi que um dos edifícios de mais impressiona nas ruínas das Minas dos Carris é o antigo edifício da lavaria. Tirando partido do declive acentuado da Corga da Lamalonga, as ruínas agora existentes deixam o visitante imaginar aquele lugar em tempos de laboração mineira quando Carris era casa de centenas de trabalhadores e onde os trabalhos eram intensos.
O antigo edifício que albergava os escritórios, a zona de recepção de minério e uma pequena cantina, foi dos primeiros a ser construídos nas Minas dos Carris pela Sociedade de Minas do Gerês, Lda.
Antes da chegada da Sociedade das Minas do Gerês Lda. às Minas dos Carris, esta exploração mineira parecia ser muito rudimentar. No terreno poucas estruturas existiam e estas eram quase todas dedicadas ao processamento do minério.
A fotografia seguinte mostra o que terão sido os primeiros edifícios de processamento de minério existentes nas Minas dos Carris. Alguns destes edifícios foram posteriormente utilizados pela Sociedade das Minas do Gerês Lda. e as suas ruínas chegaram aos nossos dias.
O local onde estava situada a enfermaria das Minas dos Carris e onde é também visível na parte inferior esquerda uma das oficinas ali existentes.
Quem visita as velhas ruínas e desce até às antigas instalações da lavaria, é compelido a tentar imaginar o seu interior em funcionamento. As velhas paredes ajudam-nos a ter uma ideia do espaço em nossa volta, do seu volume... mas imaginar aquele volume com a maquinaria que fazia a separação do minério é um exercício muito mais difícil.
Ao compararmos o que se vê nesta fotografia com o que hoje podemos encontrar, conseguimos identificar alguns pormenores mas a destruição actual é tamanha que as ruínas acabam por se tornar um perigo para quem as visita.
Fotografias: © José Rodrigues de Sousa
Fotografias: © Rui C. Barbosa
Boas. Estive nos Carris este sabado. Tive de caminhar monte adentro por 2h30 para la chegar. A caminhada iniciou na ponte de Portela Do Homem e depois foi sempre a andar até lá chegar. Belas paisagens... caminhada dura! Estar naquele sitio foi como mergulhar numa das muitas lagoas de agua cristalina que encontramos no Gerês. Paz, silencio. E pensar que já ali houve uma enorme actividade... De repente dei por mim a imaginar-me a viver ali... imagens mentais a preto e branco e tudo!! Sentimos tanta coisa que até se torna dificil descrever tudo o que sentimos. Lindo! Este blog permitiu satisfazer a curiosidade que de lá trouxe. Excelente trabalho que aqui está feito. Parabêns.
ResponderEliminarCaro Rui!
ResponderEliminarObrigado pelas suas palavras sobre o blogue!
No seu comentário refere "Sentimos tanta coisa que até se torna difícil descrever tudo o que sentimos". É isso mesmo; Carris é um lugar especial que toca a todos os que lá vão.
Um abraço!