Carris, 10 de Abril de 2009
As previsões indicavam mau tempo e queda de neve acima dos 800 metros para o dia 10 de Abril e mal saímos de Braga vimos que as previsões estavam correctas por os topos das serras encontravam-se cobertas de branco. Sendo o objectivo atingir o Pico da Nevosa, o facto de ter nevado intensamente na noite anterior fez logo prever que tal ascensão não seria possível, mas esperava-nos um dia de belas paisagens na Serra do Gerês.
Receando que a passagem entre as Sombras e a Amoreira fosse difícil devido à neve, optamos por fazer a caminhada clássica através do Vale do Alto Homem. Desde a ponte sobre o rio homem viu-se a Encosta do Sol pintada de branco e à medida que os quilómetros iam sendo vencidos a paisagem tornava-se esplendorosa com a visão da neve recém caída. Acompanhados nos primeiros metros pelo intenso cheiro a queimado resultante do incêndio que escureceu a parte inicial do vale e após passarmos pela triste visão de uma Abilheirinha ferida mas à espera de uma Primavera adiada, voltamos definitivamente o olhar para o cada vez mais próximo Modorno.
Formando quase um tapete que facilitava o caminhar, a neve encobria por completo as cores que nos últimos dias foram tomando conta da serra. Todo o olhar abarcava uma palete de tons de cinzento como que uma despedida ao já há muito ido Inverno. Água da Pala, Cagarouço, Febras encontravam-se já sobre um belo manto branco. A soberba e única paisagem do Modorno, o passar pelo Teixo em direcção às Águas Chocas e o deslumbrante cenário das Abrótegas onde o olhar para o Altar de Cabrões era barrado pela neblina e pelas cinzentas nuvens que prometiam mais neve e tempo invernoso nos Carris.
Depois de vencer a Carvoeirinha a chegada às ruínas das minas... o silêncio cortado pelo uivo do vento, um cenário polar encimado pelas figuras geladas pintadas no solo pelos remoínhos de vento.
Desistimos da subida à Nevosa devido às condições do terreno e do estado do tempo. Deve-se tirar todo o partido da montanha, mas deve-se saber avaliar as suas condições e os seus perigos e naquele dia a montanha queríamos longe da Nevosa... prudência acima de tudo.
Numa rápida visita à represa dos Carris começou a never intensamente como que a avisar que era chegada a nossa hora para descer e regressar à via mundana do dia-á-dia. Pelo caminho algumas pessoas subiam já tarde para Carris. A registar um grupo de quatro ciclistas que com toda a emoção e força iam vencendo a distância até ao ponto mais belo de Portugal...
Fotografias: © Rui C. Barbosa
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