Não me paro de surpreender com as notícias que são publicadas sobre o incêndio que ameaçou a Mata de Albergaria nos dias 22 e 23 de Março. Esta surpresa vem agora da (des)informação que nos é proporcionada tanto pelos meios oficiais como por alguns órgãos de comunicação social que obtêm a informação a partir...dos meios oficiais...
As primeiras notícias daram-nos conta de que um incêndio ameaçava a Mata da Albergaria, verdadeiro coração do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). Ao longo do dia 22 de Março foi com esta área em mente que muitos aguardavam as actualizações proporcionadas pelas edições on-line dos diversos jornais nacionais. Ao final do Domingo e em toda a Segunda-feira ficamos a saber que o incêndio já teria lavrado a zona da Portela do Homem. Neste dia surgiram também as primeiras referências ao facto de que o incêndio estaria a lavrar junto das antigas minas de volfrâmio localizadas nos pontosd mais altos e de mais difícil acesso da Serra do Gerês.
Este facto parecia-me muito estranho pois, como já referi em entradas anteriores, as distâncias envolvidas são muito grandes para que um incêndio que teve origem pela área da Albergaria pudesse percorrer tão grande área até aos Carris.
A edição de hoje do jornal PÚBLICO refere o seguinte: "A PJ já esteve durante a tarde de ontem no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), analisando alguns vestígios encontrados na zona da lagoa dos Carris, próximas da antiga mina de volfrâmio, que apontam para a possível origem humana do fogo. O facto de o incêndio ter começado pouco depois das 6h30, numa altura de pouco calor, fez aumentar as suspeitas das autoridades."
Um exercício simples no Google Earth mostra-nos que a distância em linha recta que separa a represa dos Carris e a Mata da Albergaria junto da ponto sobre o Rio Homem é de aproximadamente 7 km. E estamos a falar em linha recta sem ter em conta as características do terreno! Como é que um fogo que pode ter tido origem na represa dos Carris só é detectado quando chega a ameaçar a Mata da Albergaria? Se o fogo teve origem na represa dos Carris e chegou à Mata da Albergaria significa que toda a extensão do vale do Alto Homem teria de ter sido consumida pelas chamas ou então o fogo andou a jogar ao «gato e ao rato», escondendo-se e reaparecendo já junto da floresta secular. Outra pergunta mais pertinente que se pode colocar é a seguinte: porque razão vai a Polícia Judiciária percorrer os 9 km de caminho sinuoso pelo Vale do Alto Homem até aos Carris à procura de uma origem de um incêndio que é combatido a tão grande distância daquele local? Uma resposta a esta questão pode ser o facto de a PJ estar à procura da origem de outros incêndios que desconhecemos, mas certamente que nos Carris deverá ter encontrado muitos locais com marcas visíveis de pequenas fogueiras que são feitas por aqueles que pernoitam por lá.
Já no Domingo me haviam referido da existência de um incêndio nos Prados Caveiros e agora levanta-se a hipótese de que este incêndio pode ter sido a origem do incêncio que acabou por ameaçar a Mata da Albergaria. Este facto fará muito mais sentido do que tentar dizer que um incêndio começado na represa dos Carris possa ter-se propagado de forma a pôr em perigo a Mata da Albergaria.
Seria interessante que alguma autoridade nos informasse sobre o que na realidade se passou e que parte da Serra do Gerês foi afectada por esta tragédia. Por outro lado convém lançar o aviso para que os visitantes das serranias geresianas reforcem a sua própria vigilância em relação às ocorrências que possam detectar durante as caminhadas e informar as autoridades caso seja necessário. Convém também que as próprias autoridades assumam nesta altura um papel no qual vejam aqueles que visitam a Serra do Gerês como elementos úteis na prevenção deste tipo de ocorrências e que não assumam um papel de caça ao homem e de caça à multa, tendo um papel preventivo que não souberam assumir até aqui...
Pelo que vi nas poucas imagens nos telejornais de ontem, fiquei com a sensação que o fogo começou junto à Portela do Homem e desceu junto à fronteira ate a ponte sobre o Rio Homem (consumiu o outro lado da estrada na zona do curral de S. João) tendo depois subido o vale do Rio Homem (nunca até Carris, claro!).
ResponderEliminarIsto pelo que vi nas imagens.
Efectivamente pelas noticias é dificil perceber a zona realmente afectada...
Acho que seria interessante uma expedição com o objectivo de fazer um levantamento do que ardeu.
ResponderEliminarCom isso seria fácil concluir quais as fontes de informação que falaram verdade.
O levantamento permitiria também ter uma noção clara do impacto na mancha de mato/ floresta daquela zona.
Desta forma, será possível "desmediatizar" todo o sucedido (tenho para mim que é comum as TVs abusarem do drama e não raras vezes não saberem muito bem do que falam)
Abraço,
Miguel
É normal que as notícias sejam pouco exactas. Nós conseguimos diferenciar os locais, mas a maioria das pessoas o Gerês é a estrada das Caldas à Portela. Os jornalistas também não conhecem o terreno e acaba por dar nisto. Mas acredito que houve uma tentativa deliberada de confundir. Ainda não sei avaliar o eufemismo quando se referiam ao "núcleo da mata". As imagens da tv mostravam os bombeiros a apagar o fogo junto à estrada por isso espero ter uma decepção quando voltar ao Gerês. O estranho é a desvalorização do vale do homem nestas notícias. Proibiu-se o acesso aos Carris porque alguns metros da estradão de acesso ficavam dentro da área de protecção integral. Tanto quanto sei a protecção integral era para proteger a maior mancha de teixos e pelo que percebi o fogo andou por lá. Só que lendo as notícias parece que não foi grave. Não é para estranhar? E se esse património arder o estado do estradão não foi importante? No ano passado foi o socorro dos montanhistas que chamou a atenção para o estado do estradão, seria muito mau virmos a descobrir que este ano era uma notícia pior.
ResponderEliminarno sábado estavam a decorrer várias "queimadas" no "Gerês", ex: prados da Messe...
ResponderEliminarE td indica que foram estas "queimadas" que deram origem ao incêndio no Gerês. (digo eu)
medronho
Eu estou a pensar ire este ano fazer algumas caminhadas para o Geres, espero que as fotos que quero fazer da natureza local, não seja fotos de lugares negros
ResponderEliminarComo em muitos casos neste nosso Portugal, a verdade sobre o que realmente se passou no Gerês talvez nunca venha a ser conhecida.
ResponderEliminarContinuo a dizer que existem muitas coisas estranhas aqui: a) o primeiro anúncio de que a Albergaria estava em chamas; b) a impossibilidade dos meios aéreos nacionais serem utilizados quando um heli espanhol já estava a actuar; c) o fogo andar depois na Portela do Homem; d) mais uma vez o tardio despertar dos responsáveis para a importância da ocorrência; e) as indicações de que o fogo teria início nos Carris; f) o facto de agora se saber que possivelmente foi um mau rescaldo de uma queimada nos Prados Caveiros que pode ter originado este incêndio; g) o facto de a PJ andar a recolher dados nos carris a 7 km de distância do incêndio; etc.
Deverei voltar ao Gerês somente na próxima Quinta-feira numa tentativa de avaliar por mim o que realmente foi afectado. Penso que a dimensão é muito maior do que se quer fazer querer e que muita coisa de valor natural se perdeu. Temo que mais uma vez se virá a constatar que uma política proibicionista do "quero, posso e mando porque sim" resultou nesta autêntica desgraça nacional.
pelo que li no publico, a pj não foi a carris!! estiveram no parque a investigar indicios encontrados em carris, sei la, as tantas o csi foi a carris e trouxe os indicios para baixo para serem examinados pelos nossos "cientistas" :)
ResponderEliminarNão posso estar mais de acordo contigo. Vou aguadar pela tua ida para saber notícias.
ResponderEliminar"Temo que mais uma vez se virá a constatar que uma política proibicionista do "quero, posso e mando porque sim" resultou nesta autêntica desgraça nacional."
ResponderEliminarConcordo Rui! Mas temo ainda mais o que por aí possa vir. Se efectivamente se trata de uma guerra, esta estará longe do fim.
Uma rápida consulta ao sítio da ANPC, diga-se rico de estatísticas, dá conta de vários incêndios nos últimos dias em diferentes áreas do PNPG. Parece-me que, à semelhança do incêndio mediatizado na Mata da Albergaria(?) - Portela do Homem (?)estão "desdramatizados" intencionalmente. A informação das áreas ardidas não consta das estatísticas. Somente o n.º de Bombeiros, Viaturas e Incêndios são apresentados. A prevenção "excepcional" para uma época "excepcional", está accionada? Decreta-se um alerta de cor ...qq coisa, e tudo fica descansado, porque estamos em alerta. Tal como no flagelo dos acidentes de viação, as estatísticas são um instrumento interessante para fugir e mascarar a realidade. Infelizmente bem diferente. Como doí, saber que é assim! Oxalá venha a chuva para sossegar isto! Basta de destruição. Um pouco de bom senso seria suficiente!
Este fim-de-semana devo lá ir, vamos a ver o que vou encontrar, é lamentável este incêndio que devia ter sido combatido logo ás primeiras horas do raiar do dia. Sempre a mesma inércia e desrespeito pelo que mais Belo á em Portugal. Preservem o PNPG
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