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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Notas históricas (XXV)

Carris, anos 50

Tal como referi num comentário a uma questão colocada na entrada anterior, estou a tentar determinar com a maior precisão possível a data da construção da estrada que faz a ligação até às Minas dos carris pelo Vale do Alto Homem.

A estrada terá sido construída provavelmente no início dos anos 40 pois a 20 de Abril de 1943 é feito um requerimento à Iª Circunscrição Florestal da Direcção-Geral dos Serviços Florestais, para reparação e melhoramento do caminho no Vale do Homem desde Albergaria. A autorização é concedida a 19 de Maio e emitida a 24 de Maio. A 16 de Junho é autorizada a utilização do caminho Leonte – Albergaria por despacho emitido a 22 de Junho. Os trabalhos desenrolam-se com 1000 operários no período máximo de actividade e em 3 meses são melhorados 6200 metros de caminho.

A 18 de Agosto é comunicado à Sociedade Mineira dos Castelos que ficara sem efeito o despacho de 19 de Maio que dava autorização para os arranjos no caminho entre Albergaria e os Carris. A Sociedade Mineira dos Castelos é surpreendida com a decisão de suspensão dos trabalhos mas acata de imediato a ordem. No entanto em carta dirigida ao governo refere que cerca de 800 homens (na sua maior parte chefes de família que ali obtêm o seu ganha pão) serão despedidos.

De notar que ao requerimento é feito para reparação e melhoramento do caminho no Vale do Homem. Na realidade é difícil de concluir que nesta data já existia uma estrada larga ou se a reparação e melhoramento do caminho se refere à abertura da mesma. No passado dia 29 de Janeiro (Notas históricas (XX)) publiquei uma fotografia onde se vê um pequeno trilho onde hoje passa a estrada para as Minas dos Carris. Apesar de não datada penso que esta fotografia será do princípio da década de 40 e ao olharmos para ela com atenção não vemos qualquer sinal da actual estrada.

Assim, talvez se possa concluir que a construção da estrada para as Minas dos Carris terá ocorrido entre Junho de 1941, data do primeiro pedido de concessão mineira por Domingos da Silva, e 1943, ano no qual se desenrolam os trabalhos de reparação da estrada.

Fotografia: © José Rodrigues de Sousa

2 comentários:

  1. É dificil pensar que esta fotografia representa a estrada de ha cinquenta anos sobretudo ao verificarmos como ela é hoje em dia. mesmo considerando o abandono e a erosao.. outra duvida que tenho a certeza que roi o espirito de todos quantos visitam aqui e ali os carris é as minas propriamente ditas.. tirando a natural curiosidade e o espirito espeologo (e assim que se diz?):( que todos ganhamos ao chegar perto das entradas para as minas.. logo refreado pelo perigo de resto tantas vezes aqui referido neste blog.. mas no fundo no fundo seria um espectaculo poder visitar os poços das minas.. o Rui acha viavel que alguma vez possa ser feito uma especie de reconhecimento as minas quem sabe ate o arranjo para visitas? com o devido equipamento e segurança ate com o patrocinio dos "senhores" do parque? em vez de tentar afastar as pessoas no intuito de proteger o local... mas no fundo acabando com a historia das minas por abandono puro! ganhando dez ou vinte anos mas acabando tudo por ruir a mesma?

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  2. Esta deve ser uma fotografia obtida semanas ou meses após a abertura e melhoramento da estrada. De notar que em nos anos 80 ela não estava assim tão má. O Eng Amtónio Barros, último responsável técnico pelas Minas dos Carris, referiu-me em tempos que a estrada chegou a ser melhorada nos anos 70 e que para tal teve de ir buscar brita a muitos quilómetros de distância pois na altura o PNPG não autorizou a recolha de material na zona para melhorar a estrada.

    Quando ao melhoramento dos poços e galerias, penso que poderia ser feito mas o investimento seria astronómico e o impacto no PNPG seria muito negativo. Certamente que visitar as galerias, ver como a mina funcionava, ver a representação de uma aldeia mineira, no fundo criar um museu mineiro sería sempre uma hipótese, mas penso que aqui teriamos de acautelar muitas variáveis o que torna o problema demasiado complexo.

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