Carris, Março de 1955
Termino aqui a série de entradas sobre a epopeia vivida na Serra do Gerês em finais de Fevereiro de 1955 quando os habitantes das Minas dos Carris tiveram de ser socorridos devido ao facto de terem ficado isolados por dias seguidos de fortes nevões. Na altura foi organizada uma expedição de socorro que partindo desde a Portela de Leonte, percorreu sete longos quilómetros em condições difíceis para levar artigos de primeira necessidade, tais como pão e legumes, para os mineiros dos Carris. Estes esperavam pela expedição da Água da Pala, ponto de encontro previamente combinado. No entanto, a descida até à Água da Pala foi uma proeza heróica com momentos de tensão. Os mineiros e outro pessoal da mina percorriam a estrada coberta por um espesso manto de neve, agarrados uns aos outros por cordas. Por vezes, e para elevar o ânimo de todos, os homens entoavam "A Portuguesa", lutando assim contra as terríveis condições que iam encontrando.
O seguinte texto é da autoria de António Gonzalez que assinou uma reportagem na revista O Século Ilustrado onde foi descrita a epopeia então vivida na Serra do Gerês...
"Os directores das Minas dos Carris, lendo as notícias publicadas pelo jornal «O Século» sobre a grande epopeia vivida no Gerês. Na Água da Pela encontravam-se numa corte muitas cabras e cabritos de poucos dias. Alguns dos animais estavam já mortos mas os operários da brigada de socorro puderam salvar os restantes, metendo-os na camioneta e transportando-os para Leonte, onde foram alimentados e postos ao abrigo do frio. Os trabalhos exteriores das minas estiveram paralisados, mas prosseguiram no subsolo. As várias oficinas da lavaria cessaram de funcionar por a água ter gelado nos tubos."
Fotografia: © O Século Ilustrado / Rui C. Barbosa
Mais uma vez Parabéns ao autor deste blog pelo excelente trabalho realizado. Acompanho com bastante regularidade e interesse o blog em especial os artigos que revelam antigas histórias e nos transportam para as minas noutros tempos. Seria de facto um enorme prejuízo perder todo este património cultural...sei que não é uma tarefa simples, mas o blog tem tudo para poder também assumir outro formato, talvez um livro, fica a sugestão!
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