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segunda-feira, 28 de maio de 2007

Vamos desmistificar...


Carris, 18 de Março de 2007

Carris não deixa ninguém indiferente. Carris ou se ama ou se detesta.

Muitas vezes encontrei pessoas em Carris ou no caminho que para lá nos leva, à procura de verdadeiras lendas escondidas na serra. Pessoas que procuram por imensas quedas de água que dividem os dois países ou que buscam as enigmáticas cascatas do Tahaiti que só podem existir na ideia e imaginação do turista de fim de semana que diz conhecer a serra quando só percorreu a estrada entre as Caldas do Gerês e a Portela do Homem num Domingo de Agosto pejado de trânsito e turistas.

Outras pessoas procuram em Carris por coisas que pura e simplesmente não existem. As velhas pontes de madeira, os carris das minas, a represa com 30 metros de profundidade, um conjunto de pequenas casas onde só existem três paredes.

Muitos sítios na Internet podem dar-nos informações úteis sobre o que encontrar em Carris. Porém, outros há que nos passam informações incorrectas e que podem constituir uma desilusão para o visitante.


Ao longo do caminho e percorre o Vale do Alto Homem passamos por várias linhas de água que são atravessadas por pontes em betão armado. As velhas pontes de madeira já não existem ou estão cobertas por estas mais resistentes. Não nos vamos imaginar a passar periclitantes estruturas que podem colapsar e lançar-nos no abismo.


Numa entrada anterior já havia falado acerca dos sinais que encontramos ao longo do caminho. Para além das estruturas que serviam em tempos para desviar as águas que vinham das encostas, na Água da Pela duas construções. Uma delas tem o aspecto de uma pequena guarita e da outra somente restam as bases em pedra que serviriam de base a uma estrutura pré-fabricada. Não existem nenhum conjunto de pequenas casas neste lugar!


É enigmático. Como Carris recebeu o seu nome? Terá sido pelos carris utilizados para mover os vagões de minério no interior das minas? Não creio! Creio que esta designação é bastante posterior à fundação do complexo mineiro e certamente não será pelos carris das minas pois por muito que procure não vê um único carril em todo o complexo!!!


A represa de Carris... É um local de repouso, uma nascente natural cujas águas serviram em tempos para os diversos serviços nas minas. É um local de morte que já reclamou as suas vítimas. As suas água são escuras certamente em consequência da dinâmica da nascente e da decomposição dos materiais orgânicos tornando as suas águas ricas em nutrientes. Não se consegue ver o fundo, mas certamente que este não está a 30 metros de profundidade como muitos dizem. Para tal basta observar a Folha n.º 31 na Escala 1:25.000 do Instituto Geográfico do Exército.

Pelas suas características é um local que merece todo o nosso respeito. Um santuário da Natureza em Portugal e um local único no nosso país. Um local a preservar tanto pelo seu valor natural como pelo respeito para todos aqueles que um dia procuraram lá ganhar a sua vinha e certificar o seu futuro.

Fotografias © Rui C. Barbosa

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