Carris, 28 de Fevereiro de 2006
Chegamos ao final do caminho... Chegamos a Carris...
Somos envolvidos por uma atmosfera quase mística e a vontade de procurar algo de novo, algo ainda não encontrado, surge dentro de nós. Temos a esperança de que algo surja ao nosso olhar que outros olhares ainda não tenha visto... Esperamos uma sensação mais alta, uma sensação que ainda não foi sentida. Até os nossos ouvidos procuram algo que ainda não foi escutado no silêncio que envolve as ruínas de Carris. As casas que um dia deram abrigo a homens e mulheres parecem chamar-nos... nós vamos lá, com a esperança de que surja o aroma de uma sopa acabada de cozinhar, na esperança de escutar as estórias do dia passado no interior da mina... “Como foi o dia hoje? Nem vi o Sol!...”, na esperança de sentir o conforto da lareira nos dias de Inverno... mas as casas estão vazias, em ruínas, sem telhados, sem vida...
Esperamos sempre algo para lá de uma parede frágil que parece querer ruir a qualquer momento, cansada de lutar tantos dias e tantas noites contra o esquecimento do alto da serra...
O que estará por detrás daquela porta? Nós sabemos a resposta, pois já não há memórias em Carris... foi-se tudo embora... o mineiro, o guarda, os outros homens, as famílias... Nada sobrou e aos poucos Carris vai perdendo a vontade de lutar... tantos dias... tantas noites... esquecimento...
Fotografia © Rui C. Barbosa
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