Aquilo que vai ler, não está baseado em qualquer tipo de estudo arqueológico mas sim em inúmeras horas de observação levadas a cabo por entre as ruínas do que em tempos foi denominada de aldeia mineira dos Carris ou o complexo mineiro dos Carris. Tendo por base essa observação tentei traçar um rude mapa do que representa cada estrutura ou conjunto de estruturas e edifícios localizados em Carris. Este texto terá os seus erros históricos e factuais. Peço a quem tiver informações relativas à História das Minas dos Carris, que me possam facilitar essa informação por forma a poder assim traçar um quadro mais real da vida deste complexo mineiro na Serra do Gerês.
Convém antes de mais tentar traçar um perfil histórico da criação e existência das próprias minas na Serra do Gerês. Não sendo o único complexo mineiro naquela zona em território português (as Minas do Borrageiro são muito mais misteriosas), as Minas dos Carris apresentam-se como ponto único em toda a serra. Segundo os relatos, a exploração das minas é levada a cabo em duas fases. A primeira fase terá início antes da Segunda Guerra Mundial e a exploração é levada a cabo por uma empresa alemã que extrai volfrâmio para ajudar na máquina de guerra nazi. A exploração por parte da Alemanha é cessada devido à posição neutral do governo português. O final desta exploração deverá situar-se portanto em finais da década de 30 ou princípios da década de 40. Se por um lado se pode pensar que no terreno seja quase impossível definir quais os edifícios que representam essa época, por outro pode-se concluir que os edifícios dos quais somente restam as suas ruínas são ainda os edifícios originais pois não há relatos da construção de novos edifícios a quando da segunda vaga de exploração. Assim, a destruição agora visível e que de desenrolou de uma forma exponencial após o abandono das minas, não se havia verificado anteriormente devido á presença dos guardas no terreno. Tendo em conta os relatos registados, a segunda fase de exploração mineira terá sido iniciada em finais da década de 60 por parte de uma empresa luxemburguesa. A exploração terá finalizado em meados da década de 70. As razões para o final da exploração mineira em Carris poderão estar associadas ao baixo preço do volfrâmio nos mercados internacionais e a extinção do filão aí existente. Se a exploração mineira foi finalizada em meados da década de 70, então é fácil concluir que o decorrer dos últimos trabalhos de laboração nas minas decorreu com a fase inicial da implementação do Parque Nacional da Peneda-Gerês fundado a 8 de Maio de 1971 pelo Decreto de Lei n.º 187/71.
Com o final da exploração todo o complexo foi abandonado e pouco depois começaram os actos de vandalismo quando certamente o último guarda abandona a zona. As pilhagens trataram de desnudar as paredes e tectos das casas. Juntamente com a intempérie do duro Inverno da serra, os vários elementos foram degradando as construções. Mais eficaz que esses elementos, a acção do Homem foi destruindo Carris. Levando as telhas para melhorar as suas casas, retirando o cobre das ligações eléctricas, as louças, os azulejos e tudo o que se podia aproveitar, aos poucos e poucos Carris vai desaparecendo da memória.
(Fotografia de Carris a 8 de Maio de 1994)
Fotografia © Rui C. Barbosa
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