quarta-feira, 14 de novembro de 2018

O futuro das casas florestais no PNPG - a tomada popular


A 23 de Março de 2014 escrevia um artigo neste blogue que chamava a atenção para o estado de degradação das casas florestais. Nesse artigo, de novo aqui reproduzido, faço um apelo para uma tomada popular destes edifícios, algo que acho que seja um imperativo para assim evitar que este património caia nas mãos especulativas das empresas.

A venda e posterior privatização destas estruturas são uma falsa solução para o seu estado. Mais uma vez se apresenta a privatização como a solução de todos os males. Não o é, e as populações e sociedade em geral irão ficar mais uma vez afastadas da sua utilização quando os grandes grupos turísticos estenderem os seus tentáculos e agarrar com as suas garras este património histórico. 

As imagens que acompanham esta publicação, mostram o estado actual da Casa Florestal da Portela de Leonte, Serra do Gerês, deixada ao abandono nos últimos anos. Outros edifícios são o espelho de um crime de lesa pátria que vemos tanto no PNPG como noutras áreas protegidas.

Quem não estuda a História corre o sério risco de a ver repetir-se. Se analisarmos em larga escala os sinais que nos nossos dias nos espreitam através dos recantos obscuros dos media controlados, veremos que os sinais estão todos aí.

Em tempos, o Governo apresentava na Assembleia da República uma proposta de lei que visava transformar os baldios em bens privados, eliminando assim os últimos resquícios de comunitarismo que estas parcelas comunitárias de natureza colectiva representam.

Este foi mais um passo na destruição do usufruto popular dos nossos meios rurais e florestais. E isto não se aplica somente às populações locais, pois o ataque surge em larga escala ao limitar o nosso acesso a muitas áreas protegidas.

Em consequência deste longo ataque, as nossas florestas transformam-se em espaços desorganizados e vítimas fáceis dos vorazes fogos estivais com a sua consequente transformação em zonas de plantação de eucalipto tão celeremente aprovada pelo actual Governo.

Uma outra consequência destas políticas foi o abandono das Casas Florestais e dos espaços abrangentes. A extinção da figura do Guarda Florestal, verdadeiro zelador da floresta, abriu a porta à desordem da floresta e posteriormente ao abandono e vandalismo de um património que hoje se vai degradando a cada dia.

Em termos patrimoniais, o abandono das Casas Florestais constitui um crime perpetrado aos olhos de todos pelo Estado! Assim, é urgente que se tomem medidas para evitar esta degradação e recuperar este património, transformando-o numa mais valia para as populações locais.

Assim, e na ausência de uma atitude por parte da tutela que resolva esta situação, é um imperativo que haja uma tomada deste património por parte das populações que se devem unir e reclamar a posse destes edifícios. Devem-se constituir comissões populares que discutam entre todos o melhor destino a dar cada edifício, evitando assim a sua perda e com ele podendo retirar o proveito através do qual possam melhorar a sua vida!

A tomada popular das Casas Florestais é um imperativo, um passo na recuperação das nossas florestas e espaços rurais!







Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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