sexta-feira, 11 de maio de 2012

A posição da APECATE sobre as taxas

Já muito se falou e escreveu sobre a taxa de €152,00 que o ICNF cobre pelos pedidos de autorização para a realização de actividades de montanha nas nossas áreas protegidas quando esta autorização é necessária. Todos já sabemos que de forma muito geral a opinião sobre estas taxas é extremamente negativa e os seus efeitos profundamente perversos.

Hoje tive conhecimento que na edição desta semana do jornal Publituris vem referida a opinião da APECATE (Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos). Esta associação, em cujos seus objectivos nunca surge uma indicação no sentido da preservação da Natureza, emitiu uma opinião no sentido de se manter a taxação promovendo-se sim uma alteração aos planos de ordenamento das áreas protegidas. Por outro lado, as empresas turísticas que foram contactadas por aquele jornal referem que "que a portaria não deve ser alterada porque combate a concorrência desleal e assegura a preservação das áreas protegidas."

Estas posições revelam somente uma coisa, isto é o completo desconhecimento da realidade por um profundo egocentrismo comercial e empresarial. Com esta posição, tanto as APECATE, a quem não lhe reconheço qualquer moralidade ou legitimidade na protecção ambiental, como as empresas de turismo contactadas pelo jornal em questão, negam totalmente o direito de livre circulação a milhares de pedestrianistas, montanhistas e outros praticantes de desportos de montanha tais como canyoning ou a escalada. Felizmente, nenhuma destas entidades está capacitada para suprimir o nosso direito a desfrutar das áreas protegidas que são pagas pelos impostos dos contribuintes nacionais e que estas empresas pensam ser uma área de actividade comercial privada. Porém, todos nós somos livres de caminhar numa atitude responsável que muitas destas empresas não têm e somos livres de decidir de forma individual quais as empresas que poderemos ou não utilizar para visitar algumas áreas protegidas. Certamente que as empresas representadas pela APECATE não farão parte desse lote.

A posição desta associação e destas empresas, no que diz respeito ao Parque Nacional da Peneda-Gerês, não será de estranhar pois, e segundo a opinião do cancro PAN Parks que ali foi introduzido, "a Natureza não é para ser vivida por todos", só por quem tem dinheiro para a pagar!

Utilizando as palavras do grande montanhista Rui França "Ora bem, 20 empresas/autocarros x 60 turistas = 1200 turistas a caminhar, ao mesmo tempo, em 10 km de Zona Protegida, ASSEGURAM A PRESERVAÇÃO DA MESMA! "Eu, mais meu amigo, mais eu", a caminhar pela mesma área, para além de sermos CONCORRENTES DESLEAIS, destruímos aquilo tudo com 6 botas!!!"


Se desejavam fazer um lobby assim, então estão no mau caminho.

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