quinta-feira, 10 de março de 2011

Trilhos Seculares - Homem, Teixo, Cumeada


O objectivo era o de completar a 165ª visita às Minas dos Carris, mas passado o Modorno comecei a pensar no trilho na encosta do Teixo que há já tantos meses, ou já anos, me andava aqui a magicar... Há medida que me ia aproximando do Teixo acabei por me decidir pela exploração... bom pelo menos para mim que sou pessoa que pouco conheço do Gerês...

E assim foi... já na curva para entrar no vale das Águas Chocas e à vista da Corga dos Salgueiros da Amoreira, enveredei por um ténue caminho, baixando ao Homem e de seguida ao velho Curral do Teixo. Aqui foi só olhar uns segundos para a encosta e como que numa figura a três dimensões (daquelas estranhas cheias de cores que eu não consigo ver), lá foram surgindo as velhas mariolas encosta acima. Há medida que ia vencendo o declive, ia surgundo já uma paisagem familiar pois já não era a primeira vez que via o estradão para os Carris daquela perspectiva. Aliás, foi nesta caminhada vindo do Trilho da Cumeada, onde pela primeira vez notei aquelas mariolas... e onde nesse dia acabei por perder a minha máquina fotográfica (que seria recuperada dois dias mais tarde num salvamento épico).

Vencida a encosta nem os melhores oregãos ;) me preparavam para o que se erguia perante mim. A paisagem era simplesmente de tirar a respiração. A parte superior do Vale do Alto Homem era toda visível. Podia ver o Outeiro do Pássaro, Cidadelhe, Torrinheira, a base onde se localiza o Curral de Obcedo, Carris... Simplesmente único! Um puco mais à frente o vale abre-se novamente permitindo uma visão espectacular do Cabelo do Modorno e da parte inferior do vale. Pela primeira vez, vi a parte superior da grande cascata que se precipita naquele lindo abismo.

Acabei por regressar à Portela do Homem percorrendo o Trilho da Cumeada que já me fugia à vários meses... e tentando encontrar uma exploração mineira referenciada naquela zona... ainda não foi desta...

Melhor do que palavras, ficam algumas imagens...
















































Fotografias © Rui C. Barbosa

11 comentários:

TiXa, Xarah e Xavier disse...

Brutalissimo!Fantásticas vistas!

Teve um dia espetacular hoje, ideal para a cumeada! bandido, quando foi ao fim-de-semana mandaste vir nuvens e chuva pah!

Ahh Ok! é Obcedo! no trocadilho enganei-me na forma verbal.

Abraço

joca disse...

vejo que andas a explorar a fundo a ZPT ;)
de facto a vistas são fabulosas.

Rui C. Barbosa disse...

De facto a Zona PorTuguêsa é muito interessante... ;)

DuK disse...

ZPT? É? Eu não sei... o mapa do POPNPG é ridiculamente pequeno e não arrisco a guiar-me por aí...
Curioso é também o facto do PN não responder aos e-mail´s de pedido de esclarecimento... e refugiar-se na futura carta de desporto de natureza para fugir ao assunto...
Talvez o meu proximo e-mail de pedido de esclarecimento seja enviado para o Louro, pois está a informar mais do que o PN...

joca disse...

Duk eu também espero as mesmas respostas e só conheço o que tu conheces ;)

A minha posição sobre o POPNPG, com a informação que tinha em cada um dos diferentes momentos, está esclarecida. Acredito que será próxima da tua e da maioria dos visitantes regulares da zona alta da Serra do Gerês.

Para usar uma terminologia na moda ando em “sobressalto cívico”, mas com cuidado com a minha carteira. É que alguém vai ser o primeiro a levar com as famosas coimas da Lei n.º 50/2006 (contra-ordenações ambientais) e não estou com muita vontade de servir de exemplo. Tentarei é denunciar a pouca razoabilidade das regras.

Sempre que contactei o PNPG percebi que os técnicos tentam fazer a melhor interpretação possível das regras estúpidas com que o ICNB os condicionou. Sinto o incómodo com regras em que não acreditam, mas que não podem deixar de aplicar.

Eu sempre distingui a actuação do PNPG do ICNB, mas o problema é que primeiro está condicionado ao segundo. Para mim a visitação devia ser umas das prioridades de todas as áreas protegidas. Acredito tanto nisso que já escrevi que um parque fechado não serve para nada.

A CDN é outra história à ICNB

Paulo Figueiredo disse...

Boas

Nem sei o que te dizer... "Tu és mau"... só tu para me pores aqui com uma lágrima no canto do olho.

Grande Abraço

Rui C. Barbosa disse...

Louro,

Na tua opinião de que forma é que se deve ler (no POPNPG):

Art. 12º, Ponto 1, alínea e) Nas áreas de protecção total a actividade humana só é permitida: para fins de visitação pedestre nos trilhos existentes;

Art. 13º, Ponto 1, alínea f) Nas áreas de protecção parcial de tipo I a actividade humana é permitida: para fins de visitação em trilhos, estradas, vaminhos existentes ou locais autorizados;

Art. 16º, Ponto 2, alínea h) Nas áreas de protecção parcial do tipo II, sem prejuízo do artigo 8º, podem ainda ser exercidas as sehuintes actividades, sujeitas a parecer do ICNB, I.P., tendo em vista os objectivos de conservação da natureza: a visitação, organizada ou em grupos com mais de 15 pessoas, em trilhos, estradas, caminhos existentes ou outros locais autorizados.

Não vale a pena entrar pela áreas de protecção complementar.

O que eu aqui leio está bem esclarecido, isto é a visitação é autorizada. É óbvio que esta visitação deve ser regulada. Certamente que devemos ter um parque aberto, mas controlado.

Não há que ter medo de pedir autorizações ou pareceres, pois estes só podem beneficiar quem anda na serra. Se estes pedidos são taxados ou não, esta já é outra história.

joca disse...

Rui,
Bons enunciados mal regulamentados são inúteis ou pior que isso.
Os conceitos de trilhos, caminhos e locais autorizados só serão totalmente esclarecidos na CDN e até lá...
Infelizmente deixei de acreditar na boa fé de certos processos.
Pedir 150 euros por uma autorização para fazer uma caminhada é contrariar tudo que está enunciado no POPNPG.
Eu, pelo compromisso com a AP, até era capaz de aceitar que houvesse uma taxa. Algo aceitável.
O PNPG até poderia criar uma contribuição de amigo do PNPG em que uma das regalias fosse a isenção dessas taxas, análise prioritária dos pedidos, etc. Eu contribuiria muito mais rapidamente que para um qualquer clube de futebol.
Para mim a autorização da visitação expressa no POPNPG está associada à lógica do PANPARK que é uma coisa diferente. Tenho para mim que se está a criar um público para uma actividade económica.
Confio apesar de tudo na lógica das interpretações mais favoráveis que depois a maioria dos agentes do estado faz das leis. Sei por experiência própria que muitas vezes é esta interpretação que evita muitas asneiras e que as excepções são os excessos de zelo. Só que com a falta de dinheiro que anda nos organismos públicos estes vão esgravatar em todo o lado e escrutinar todas as gavetinhas onda julguem haver umas moedinhas.

Rui C. Barbosa disse...

Louro,

O conceito de trilho é igual aqui, em Espanha, na China ou em qualquer parte deste planeta. Não há muita volta a dar a isso. É plenamente sabido que a abertura do PN à visitação sempre foi uma das intensões do actual director e parece-me que isso está bem patente no que está referenciado no PO.

É óbvio que a autorização ou não para a realização da actividade ficará a carga da avaliação do técnico às mãos do qual o pedido fôr parar. Seja qual fôr a avaliação era será sempre um misto de subjectividade e objectividade.

Neste altura continuamos com a indefinição do pagamento de taxas ou não. Sublinho que existem pareceres nos quais é referida a obrigatoriedade do pagamento como existem pareceres que referem a não obrigatoriedade do pagamento. Por incrível que pareça, esta é ainda uma questão em aberto.

Porém, concordo contigo quando dizes que numa altura em que o governo procura dinheiro em todo o lado, que o mais provável é que se venha a exigir o pagamento de uma taxa mesmo ao abrigo de qualquer interpretação obscura da portaria que as deveria regulamentar sem qualquer sombra.

Se tal acontecer só existe uma solução e esta passará por um tipo de «revolta popular» na qual se deixarão de pedir autorizações e se começarão a pôr os guardas a correr atrás das pessoas pela serra acima.

Esta sitaução criará as habituais contradições nas quais os domingueiros podem sujar e invadir a ZPT para os banhos e as pessoas que querem caminhar na montanha terão de o começar a fazer da mesma forma... de calções e chinelos... Mas terão o PNPG e a GNR efectivos para executar esta vigilância permanente? Parece-me que não...

Joana Braga Simões disse...

Rui, verás rapidamente a surgirem diferentes categorizações ou classificações de trilhos como trilho marcado, trilho informal(não marcado), caminho tradicional, etc e esta classificação vai fazer muita diferença.
Quanto às taxas acho q a decisão já está tomada e não depende do PNPG.
O q sento no PNPG é mesmo q senti num técnico do Douro Internacional e depois em Montesinho desacordo e impotência. Só q as regras estão lá para serem aplicadas. A minha esperança e mais na capacidade dos técnicos do PNPG em fazer interpretações mais favoráveis do que é um autorização.

Rui C. Barbosa disse...

Joana,

Concordo. Porém, um trilho é um trilho e essa definição, a ser feita, deveria ser no PO, coisa que não acontece. Lembro-me na discussão pública do PO nas Caldas do Gerês de ter surgido essa questão e o PN não teve resposta para a mesma.

Quanto às taxas não se trata de saber se a decisão já está tomada ou não. Trata-se é de saber que decisão foi tamada? Até hoje ainda não ouvi uma explicação convincente sobre a portaria que regulamenta as taxas sem surgir uma outra que deita por terra as explicações anteriores. Se há gente que não sabe explicar uma coisa tão seimples, então não o deveria sequer tentar fazer. Ou se paga ou não se paga! É claro que isto não depende do PNPG, depende do ICNB,IP (sempre foi assim). Se se decidir que se tem de pagar, então resolve-se o problema de outra maneira. Até lá...

Os técnicos só têm de fazer aquilo que lhes mandam fazer desde Lisboa, e isso compreende-se bem (da mesma forma que um patrão manda fazer assim ou assado a um funcionário). Se não concorda ou se faz de outra forma arrisca-se a ir para a rua (e olha que há muita gente que não entende isto). Mas mais uma vez, e se as cosias não correrem ou forem feitas da melhor forma para todos, não sei se isto irá lá só com outra manifestação... arranjam-se outros meios de chamar a atenção para o problema.

O novo POPNPG pode representar a machadada final no parque nacional. É pena que Braga e Lisboa estejam muito longe do parque nacional para que não ouçam o que por lá se passa. Se 2010 foi mau, então esperem até ver o que se vai passar em 2011!!! É pena que as megas inteligências que givernam o ICNB, IP não tenham percebido a mensagem que quiseram passar em Agosto de 2010 com os incendios que ocorreram no parque nacional.