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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Notas Históricas (CL) - Elementos para a contribuição industrial - 1973

Registo dos elementos para a contribuição industrial registados no ano de 1973 para a concessão mineira 2234 'Salto do Lobo' da Sociedade das Minas do Gerês, Lda.


Fotografia: © Rui C. Barbosa

O património perdido da Peneda-Gerês (XLI)

Construida junto da estrada nacional EN203, a Casa Florestal de Britelo será um dos poucos examplares relativamente intactos dentro do território do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

A Casa Florestal de Bristelo está situada a 41º 51'03N - 8º 17'03O e a uma altitude de 151 metros (GPS).







Fotografias © Rui C. Barbosa

A Villegiatura e a Serra (II)

Em 1891 era editado o livro "Caldas do Gerez - Guia Thermal" da autoria de Ricardo Jorge. Esta obra aborda vários temas relacionados com o termalismo geresiano, as suas águas termo-medicinais, a sua acção hidro-termal, a clínia hidrotermal, etc. Um dos capítulos mais interessantes está relacionado com a denominada "villegiatura", isto é a "temporada que se passa fora da terra, a banhos, no campo ou viajando, para descansar dos trabalhos habituais."


Assim, Ricardo Jorge fala-nos de paisagens conhecidas e das sensações que elas proporcionam começando por uma viagem entre Braga e as Caldas do Gerês...

O texto transcrito abaixo é mantido na sua forma original e com o português que era escrito em finais do Século XIX.

A Villegiatura e a Serra, por Ricardo Jorge

"(...)
 
Paysagem estreme do Minho derredor da estrada até meio-caminho, até á aldeia de bouro, onde se faz a étape de rigor. A enquadrar o largo da paragem, onde se encontra uma rasoavel locanda, ergue-se nas suas linhas de cantaria o vasto mosteiro cistercense de Santa Maria de Bouro, flanqueado pelo templo de dois campanarios. Merece uma visita o abandonado convento, construido no seculo passado, mas fundado com a nacionalidade portugueza, uma ruina vergonhosa agora. Só a egreja se mantem em regular conservação; o resto cahiu aos pedaços, soalhos e tectos; as hervas ruins tapetaram a ampla quadra do claustro; mais uns annos e até os pannos das espessas muralhas se rasgarão. Lá dentro, pela capella e sachristia, ha ainda preciosidades de talha, mobiliario rico, e azulejos panoramicos, sobre que todo o amador de bibelot passeará os olhos cubiçosos.
 
A estrada desenrola-se a partir d'alli pela encosta, serpenteando sobranceira ao Cavado, que espuma lá em baixo no seu leito apertado de granito.
 
O panorama transfigura-se; ao campo arroteado de milhaes, ao quadro agricola caracteristico do Minho, substitui-se quasi de salto a lombada agreste  da montanha; apenas socalcos cultivados invadem os corregos aqui e além. Só na chapada do valle estende os taboleiros dos seus campos a aldeia de Parada do Bouro, povoados de casaes, onde se destaca a pyramide acuminada do campanario.
 
O principal povoado que a estrada atravessa no seu trajecto pela encosta é o de Valdozendo, com os seus socalcos em amphitheatro até ao rio. Do lado d'além continua a desfilar a lombada da serra da Vieira; a sua extensa vertente é agora um painel monstruoso de verdura, encimado pela aldeia do Penedo, antiga estação dos peregrinos do Gerez e cortada pela estrada de Chaves.
 
De repente ao dobrar uma arseta da montanha surge em cheio toda a cordilheira de Gerez nitidamente destacada pelos seus recortes e pela tonalidade acinsentada, coroada d'espigões em planos sucessivos, como cortinas colossaes descidas sobre o horisonte, afestoadas na franja em tintas peroladas. Lá está o Borrageiro, e o seu cortejo de collinas, a Pedra Bella a encimar a profunda ravina que descahe do desfiladeiro de Leonte e aloja a meio o casario das Caldas que mal de enxerga, e emfim o espigão bifido do Pé de Cabril, o pharol da serra.
 
(...)"
 
Imagem cedida por Paulo Figueiredo.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Portugal, os fogos florestais e o encobrimento da verdade...

Quase quatro décadas depois do 25 de Abril de 1974 vivemos num regime que encobre a verdade e falseia os dados para encobrir a verdadeira realidade da situação nacional. Em todo este quadro negro em que vivemos, o encobrimento descarado do verdadeiro fracasso governamental do combate aos fogos florestais não pode estar mais evidente no Relatório Provisório de Incêndios Florestais (n.º 6/2010) disponibilizado pela Autoridade Florestal Nacional (ANF) do Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas.

Cheio de dados estatísticos devidamente ordenados para influenciar a favor do governo a leitura dos mesmos dados, o relatório em questão esquece-se, por exemplo, de fazer referência ao grande incêndio da Mata do Cabril informando erradamente da ocorrência de um incêndio em Cabril com origem a 11 de Agosto. Este ano não ocorreu qualquer incêndio florestal em Cabril, Montalegre, na data indicada.

Para uma análise dos números deste relatório e das avaliações que têm sido levadas a cabo aconselho a pertinente leitura do artigo 'Incêndios PNPG (XV)', de Pedro Balaia, no blogue MonteAcima.

Fotografia © ANF

Exposição "A Saga do Volfrâmio"

A exposição "A Saga do Volfrâmio - As minas dos Carris e das Sombras no Gerês-Xurés" é composta por uma série de painéis fotográficos e artigos relacionados com a exploração mineira. Concebida para fazer lembrar uma galeria de uma mina, os visitantes são convidados a percorrer a história do volfrâmio à luz de um frontal e ao som do gotejar da água. No final são transportados ao longo de um poço de extracção da mina do Salto do Lobo.


A exposição pode ser visitada todos os dias úteis entre as 9h00 e as 12h00 e entre as 14h00 e as 17h30.

Fotografia © Rui C. Barbosa

domingo, 29 de agosto de 2010

O património perdido da Peneda-Gerês (XL)

Ao contrário do que esperava a antiga Casa Florestal de Entre-os-Outeiros não foi destruída pelo incêndio florestal que destruíu muita da paisagem da Serra do Soajo. Ajudado pelas informações que o Jacinto que me havia fornecido sobre a localização da casa, hoje finalmente consegui visitá-la. Não deixa de ser curioso que há anos que passava na estrada que liga do Mezio ao Soajo e sempre havia reparado no desvio que sobre a encosta da serra, mas apesar de ficar intrigado para onde me poderia levar nunca o tinha seguido.

Como já referi esperava encontrar a casa destruida pelo fogo e ao princípio assim parecia pois um grande edifício construído na vizinhança foi totalmente devorado pelas chamas. Felizmente, a zona em redor da Casa Florestal de Entre-os-Outeiros não foi afectada. No entanto, o cenário com que me deparei foi sem dúvida deprimente. A casa está quase coberta de vegetação com as silvas a entrar pelas portas e janelas. O seu interior destruído e vandalizado como vem sendo norma na maioria destas casas no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Nesta dia visitei ainda as Casas Florestais de Coriscadas e Cainheiras, e localizei a casa da Portelinha que fica a aguardar uma visita.

A Casa Florestal de Entre-os-Outeiros está localizada a 41º 53'17N - 8º 17'09O e a uma altitude de 692 metros (GPS).










Fotografias © Rui C. Barbosa

A villegiatura e a Serra (I)

Em 1891 era editado o livro "Caldas do Gerez - Guia Thermal" da autoria de Ricardo Jorge. Esta obra aborda vários temas relacionados com o termalismo geresiano, as suas águas termo-medicinais, a sua acção hidro-termal, a clínia hidrotermal, etc. Um dos capítulos mais interessantes está relacionado com a denominada "villegiatura", isto é a "temporada que se passa fora da terra, a banhos, no campo ou viajando, para descansar dos trabalhos habituais."

Assim, Ricardo Jorge fala-nos de paisagens conhecidas e das sensações que elas proporcionam começando por uma viagem entre Braga e as Caldas do Gerês...

O texto transcrito abaixo é mantido na sua forma original e com o português que era escrito em finais do Século XIX.

A Villegiatura e a Serra, por Ricardo Jorge

"Para as Caldas. A pittoresca e antiga Braga, estação terminus da via férrea, é ponto forçado de transito para a grande maioria dos forasteiros gerezianos. Tres comboios por dia se offerecem á opção do viajante; ha duas carreiras diarias de diligencia para o Gerez; mas o transito mais commodo e rapido nos trens fretados da Companhia Carris de Braga, que tem montado um serviço perfeito, com mudas a meio caminho, de modo a não exceder a jornada quatro horas.

Raro é aquelle que por distracção e até conveniencia hygienica não pousa á ida ou á volta na bella estancia do Bom-Jesus, a formosa collina do sanctuario, erriçada de carvalhos e capellas, com os seus parques frondosos, as suas fontes perennes, encaixilhada em soberbos panoramas. Sagrada pelo culto religioso e pela opulencia da natureza, a arte moderna do conforto veio completal-a; quem gozar da ascensão no elevador funicular e se alojar no Grande Hotel, terá com que contentar o seu orgulho nacional. D'alli saúda o viajante a serra do Gerez que lhe estendera em face a espinha anfractuosa, d'onde preminam as culminancias do Cabril e Borrageiro, como a giba d'um dromedario.

O trajecto para as caldas tem uma variante que custa apenas meia-hora, para o que desejar vêr a confluencia do Homem e Cavado na Ponte do Bico e atrevessar o sítio d'Amares. Em geral prefere-se a via mais curta, que galga o Cavado, na archi-secular Ponte do Porto, obra dos romanos."

Fotografia © Rui C. Barbosa

sábado, 28 de agosto de 2010

O património perdido da Peneda-Gerês (XXXIX)

Um outro exemplo de um património que não estará perdido...

A Casa do Guarda de S. Miguel de Entre-Ambos-os-Rios, ou Casa de Rebordinhos como também é conhecida, constitui um núcleo museológico com o objectivo de preservar as tradições locais e incentivar o seu estudo. Através de um percurso pela história da freguesia e da região, com recurso a imagens, palavras e objectos, este núcleo museológico procura dar a conhecer a vida tradicional local.

Esta casa foi onstruída em finais dos anos 40 do Século XX pelos Serviços Florestais e entre 1950 e 1977, foi utilizada como residência do guarda florestal responsável pela vigilância da zona demarcada como Perímetro Florestal da Serra Amarela. Mais tarde, e já sobre a gestão dos serviços do Parque Nacional da Peneda-Gerês, optou-se pela sua reutilização como sede do núcleo museológico.

Este núcleo museológico resultou do esforço dos serviços do Parque Nacional, da Junta de Freguesia e da população de S. MIguel de Emtre-Ambos-os-Rios.

Todos os objectos expostos bem como outros conservados em depósito, foram cedidos pela população da referida freguesia.

A visita ao núcleo museológico pode ser feita através de contacto com a Junta de Freguesia de S. Miguel de Entre-Ambos-os-Rios ou com o Parque Nacional da Peneda-Gerês.

A Casa Florestal de S. Miguel de Entre-Ambos-os-Rios (Casa de Rebordinhos) está situada a 41º 58'59N - 8º 18'19O e a uma altitude de 154 metros (GPS).








Fotografias © Rui C. Barbosa

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Actualização dos incêndios no PNPG (LX)

Uma referência a uma notícia do PÚBLICO...

Agosto deixou a Peneda-Gerês com oito mil hectares de área ardida.

A reter... "Durante o mês de Agosto arderam 8162 hectares no Parque Nacional da Peneda-Gerês, correspondendo a 11,7 por cento da área total daquela área protegida."

"Mais de 3500 arderam na Mata do Cabril..."

"Os maiores fogos aconteceram na Mata do Cabril, onde em 15 dias arderam 3529 hectares..."

"Na Mata do Cabril o fogo afectou sobretudo o carvalhal (tendo ardido 272,87 hectares) e depois povoamentos mistos de folhosas e resinosas (13 hectares)."

"...arderam 724 hectares em Zonas de Protecção Total (a maior parte na Mata do Cabril), correspondendo a 26 por cento da área de protecção total do Parque Nacional..."

Esta não entendi mas, "Contrariamente ao que aconteceu na Peneda-Gerês, a maioria dos incêndios começou dentro dos limites do Parque Natural ou nas suas imediações" referindo-se aos incêndios no Parque Natural da Serra da Estrela.

Fotografia © Daniel Antunes

Lavaria das Minas dos carris

Nas Minas dos Carris existiam duas lavarias, a Lavaria Velha e a Lavaria Nova... A Lavaria Velha foi construída nos primeiros anos da exploração mineira em Carris, nomeadamente numa altura em que os trabalhos de exploração eram feitos na Mina do Salto do Lobo. Ainda restam vestígios e ruínas dessa lavaria que podem ser facilmente identificados pelo visitante.

A Lavaria Nova era o maior edifício existente no complexo mineiro. Local de separação do volfrâmio, este era aqui ensacado e enviado para o Porto onde era processado e posteriormente enviado para o comprador. Esta lavaria foi construído no princípio dos anos 50.

Ainda hoje é um edifício impressionante pela sua volumetria. O seu enquadramento na paisagem é quase perfeito e surge quase como uma fortaleza de guarda a entrada em Carris vindo da Lamalonga sobra qual proporciona uma paisagem única.




Fotografias © José Rodrigues de Sousa / Rui C. Barbosa

Postais do Gerês (LVIII) - GEREZ Ponte Romana e atual, no Rio Caldo

Este postal data dos anos 30 do Século XX e é uma edição da Foto Gonzalez - Loja Espanhola - Gerez. Mostra o leito do Rio Cávado, a antiga ponte romana e a ponte 'nova' que existiam (de facto ainda existem) antes da chegada das águas da Barragem da Caniçada que inundou Vilar da Veiga.

Este postal foi endereçado a 21 de Agosto de 1933 para a Póvoa de Santa Iría.

Fotografia © Miguel Campos Costa / Rui C. Barbosa

Actualização dos incêndios no PNPG (LIX)

Agora que restam as cinzas espalhadas pela Serra do Gerês, pela Serra Amarela e pela Seja do Soajo, chegam algumas ajudas oportunistas quando o dinheiro já deveria ter sido gasto na prevenção, aguçam-se as críticas e escondem-se os rostos tristes que fizeram as manchetes e as aberturas das TV's...

Notícias Correio do Minho:

- Criação de gado: Ministro anunciou apoios de emergência a agricultores vítimas dos incêndios florestais.

- Incêndios/Arcos de Valdevez: criadores de gado contentes com apoios para pastagens queimadas.

- Incêndios/Gerês: PSD lamenta 'problemas de comando' que atrasam combate a fogos no parque.

- PCP questiona discrepâncias entre áreas ardidas e dados oficiais.

Fotografia © Daniel Antunes

Cá estou eu...

Fraga de S. João, 21 de Aogosto de 2010

Um momento 'Cá estou eu!', muito celebrizado no blogue no-geres2, no alto da Fraga de S. João mirando a Serra do Gerês...

Fotografia © Xavier Fernandes

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Serra da Peneda: Chã do Couço (Lordelo) - S. Bento do Cando - Rouças

O desafio era simples: percorrer a distância entre Lordelo e S. Bento do Cando, no coração da Serra da Peneda. À partida eram 17 km contados pelo Google Earth e a distância percorrida até ao objectivo principal não ficou muito longe do previsto. O segundo objectivo era tantar não focar absorto com as paisagens que nos esperavam ao longo do caminho, este objectivo, tenho de confessar, não foi atingido... aliás, bastaram poucos metros para perceber que isso seria impossível pois mesmo com o nevoeiro que nos acompanhou até perto da Corga de Lamelas, a paisagem era única e a característica paisagem da Serra da Peneda.

De facto, a caminhada não começou em Lordelo mas sim na Chã do Couço, a curta distância de Lordelo. Seguindo pelo estradão florestal passamos a pouca distância da Casa Florestal de Lordelo e em pouco tempo estavamos perto da Chã da Lapa mesmo antes de passarmos ao lado da Corga das Lamelas a caminho da Branda de Lamelas, velhas memórias do passar dos tempos nos altos serramos da Peneda. Ainda antes de chegar ao famoso abrigo de pastores na serra, passamos ao largo da Branda de Cerradinha.

Continuando a caminhar por entre as paisagens serranas, fomos passando por mais dois pequenos refúgios que são sempre uma mais valia para uma visita mais prolongada na Peneda e sem dar por ela estavamos no ponto mais elevado do nosso percurso a 1.300 metros de altitude junto da Alminha dos Devotos de S. Bráz e de S. António do Monte. A partir daqui foi sempre a descer, ou quase, até passarmos pelo entroncamento com o caminho para a Travanca (que constituí um dos próximos objectivos a cumprir!) e em seguida até à nascente do Rio Vez, local de descanso e almoço. No entanto antes, maravilhamo-nos com o fojo do lobo perdido na encosta abrupta (imagem em cima) e com as sentinelas dispostas pelos altos serranos como que tomando conta, silenciosamente, daquela vastidão.

Prosseguindo o caminho começamos pouco depois a descer para a Branda de Bosgalinhas ajudados pelas marcações do trilho de longo curso que atravessa aquela parte da serra. Já com uma conhecida paisagem perante nós, chegavamos finalmente a S. Bento do Cando. No entanto, a nossa caminhada não terminaria aí, pois tendo ainda algum tempo fomos de encontro com a nossa boleia passando ao largo da Gavieira e finalmente terminando à saída (ou entrada) de Rouças!

Algumas fotografias do dia...











































Fotografias © Rui C. Barbosa